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Treinados para prevenir e reparar

Montadoras investem em cursos para mecânicos de concessionárias e confiam em escolas especializadas como divulgadoras do conhecimento técnico para os independentes

Victor Marcondes

 

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A qualidade no atendimento e a padronização dos serviços são fatores importantíssimos que as montadoras buscam frequentemente executar com excelência no pós-vendas. Para isso, investem cada vez mais em cursos de capacitação dos profissionais da rede. O resultado pode ser observado na satisfação do cliente final, na otimização da manutenção e no aumento da mão de obra qualificada no mercado. Se eles são especialistas em capacitar seus mecânicos para padronização dos serviços, servem de modelo para a rede independente.

 

Há dez anos em atividade, o treinamento de mecânicos da Chevrolet foca exatamente isso: o desenvolvimento dos profissionais através de uma grade que permeie não apenas temas técnicos, mas também comportamentais. “As aulas abordam desde ferramentas e diagnóstico, eletricidade básica e chegam até motor e ciclo otto. Mas não deixamos de aplicar os cursos não-técnicos que falam a respeito de comunicação e negociação, produtividade, linguagem, entre outros”, diz Fábio Brasil Canassa, coordenador de Capacitação de Pós-Vendas da General Motors do Brasil.

 

De acordo com ele, cerca de 4.500 técnicos passam pelas salas de aula todos os anos. “O curso tem duração de um ano e meio a dois anos, dependendo do conhecimento do profissional. Regularmente, são realizados a cada três meses e podem levar até três dias”, afirma. Para conseguir atender toda a rede, a companhia chama no máximo dois funcionários por concessionária. O custo médio de cada participante é de R$ 200,00, valor pago pela concessionária do mecânico e revertido em atualização e nas instalações do curso.

 

Na Fiat os reparadores recebem dois tipos de treinamentos, um sobre manutenção técnica e outro de lançamentos, uma orientação a respeito das novidades que a empresa leva para o mercado. “Tudo é feito em conjunto com as revendas. Temos um índice de 2 mil mecânicos frequentando palestras técnicas anualmente”, conta Daniel Andrade, supervisor de Marketing de Pós-Vendas. A empresa ainda disponibiliza um site (www.reparadorfiat.com.br) com informações sobre ações e tecnologias empregadas nos veículos para consulta dos profissionais.

 

Com tempo médio de 16 horas cada, os cursos da empresa são realizados durante todo o ano. “O conteúdo é dado de forma gratuita, o que inclui despesas de coffee-break, estrutura, veículos, ferramental, etc. Os custos são totalmente absorvidos pela fabricante”, explica Saulo Arruda, gerente de desenvolvimento profissional da rede. Ele diz que a Fiat também fornece palestras em relação a processos administrativos, relacionamento, web e TV.

 

A tecnologia é outra ferramenta que tem contribuído muito para a disseminação de conhecimento técnico entre os colaboradores das montadoras. A Mercedes-Benz, por exemplo, utiliza o sistema de gerenciamento eletrônico de treinamentos conhecido como SABA. No programa, a fabricante disponibiliza antecipadamente todos os cursos disponíveis para o ano vigente. “A única forma de atualizar os nossos profissionais sobre as tecnologias embarcadas em nossos veículos é através das palestras”, diz Sérgio Foratto, supervisor de Treinamento Pós-Venda da Mercedes-Benz.

 

Formação à distância é a aposta da Peugeot como método de ensino. Numa página virtual exclusiva da marca, conhecida como AcademiaNet, os funcionários tem acesso para adquirir informações técnicas, comportamentais e metodológicas. “O site permite o mecânico se atualizar de maneira rápida, com ganho de tempo e produtividade”, explica Oscar Castro, gerente nacional de formação da marca.

 

Parceria com o conhecimento

 

A maioria das montadoras oferece centros de treinamentos para aulas presenciais. No entanto, para conseguir expandir o alcance das informações até os reparadores independentes, a indústria conta com o apoio de instituições que cumprem o papel de formadores dos atuais (e futuros) empregados. A Chevrolet, por exemplo, apesar de manter uma unidade própria de ensino em São Caetano do Sul/SP, tem a parceria de mais 13 unidades do SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) espalhadas pelo Brasil.

 

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Na sala de aula, mecânicos recebem cursos técnicos e comportamentais

 

A Fiat tem salas de aula em Betim/MG e em diversas concessionárias, além do convênio com 21 escolas do SENAI. A Mercedes disponibiliza três centros de treinamento e fornece material para outras nove lojas. Porém, tem a ajuda de seis instalações do SENAI e mais três do SEST/SENAT (Serviço Social do Transporte/ Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte). “Outra fonte de informação são as unidades volantes de treinamento que são destinadas às revendas e frotistas”, observa Sérgio.

 

A Peugeot, por sua vez, utiliza um espaço exclusivo e mais três salas de aula do SENAI-Ipiranga, em São Paulo, para atualizar o seu time. “A parceria com eles é fundamental, pois une a tecnologia com uma metodologia de ensino tradicional”, avalia Oscar. De acordo com ele, a cada lançamento todos os mecânicos são convocados para conhecer as novidades do veículo e as ferramentas utilizadas na reparação.

 

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Fabricantes contam com o apoio de intituições especializadas

 

Assim como grande parte das fabricantes, a Renault disponibiliza um local específico para estudos, localizado em Jundiaí/SP, com mais de 2 mil m². “No entanto, temos convênio com nove escolas SENAI, onde mantemos equipamentos e instrutores certificados para cursos regionalizados”, conta Osvaldo Zalewska, gerente de treinamento da rede, que afirma que a marca ainda oferece cursos via internet.

 

Os treinamentos sobre manutenção dos produtos da Volkswagen são promovidos em duas fábricas da marca e em várias escolas SENAI no País. Mas para tornar a sua tática mais abrangente, recentemente, a empresa lançou o seu primeiro Centro Regional de Treinamento, um projeto para qualificar os profissionais das concessionárias próximas a região do prédio. “A primeira planta inaugurada em Curtiba/PR começa a funcionar a partir de julho. Ainda em 2011, vamos abrir outras duas unidades em São José do Rio Preto e Goiânia”, revela Leonardo Tosello, gerente da academia Volkswagen.

 

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Alunos debatem conceitos aprendidos em salas de aula

 

Estrutura e qualificação

 

Segundo Leonardo, em 2012 a Volkswagen vai inaugurar centros exclusivos em Porto Alegre, Recife, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. “Também daremos continuidade à parceria com o Senai, para garantir a estratégia de cobertura geográfica”, diz. “Em todos os Centros de Treinamento temos salas de aulas teóricas e práticas, equipadas com bancadas, agregados, ferramental, veículo, equipamentos eletrônicos de diagnose, além de mobiliário específico para a prática de exercícios e leitura”, completa.

 

Em geral, todas as montadoras que fornecem cursos de capacitação contam com instrutores devidamente treinados, que repassam o conteúdo para os técnicos e para as respectivas instituições de ensino. “Trabalhamos com professores próprios e terceirizados, mas todos são certificados pela Renault Academy, nossa matriz na França”, detalha Oswaldo. A companhia segue o sistema de formação continuada, em que os módulos são colocados à medida da necessidade de desenvolvimento das competências.

 

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Os professores da Renault são certificados pela matriz na França

 

Ferramental adequado é outro fator que é avaliado cuidadosamente na hora da aula. “Tudo depende da matéria dada naquele momento. Se for sobre Multiplexagem, o mecânico estuda um equipamento de diagnóstico da marca conhecido como DiagBox, bem como o osciloscópio de dois canais, multímetro e esquemas elétricos. Se for a respeito de motor, além dos instrumentos tradicionais de medição como paquímetro, micrômetro, entre outros, ele terá contato com as ferramentas específicas para cada modelo, a fim de facilitar o seu trabalho e zelar pela qualidade do serviço”, explica o técnico da Peugeot, Oscar.

 

E o mais importante: por cada nível que passa, o mecânico ganha um certificado para comprovar que está qualificado para determinado serviço. Algumas montadoras fornecem o diploma dos cursos realizados dentro de um sistema de computador específico a cada uma. Assim é na Mercedes, que registra o treinamento de forma eletrônica, através de um programa de gerenciamento próprio. Já na Fiat são entregues comprovantes físicos a cada reparador. A Volkswagen, por sua vez, fornece selos que podem ser colados em “carteiras de formação”, uma espécie de documento de capacitação da montadora.

 

Os mecânicos que se beneficiam com toda essa preocupação da indústria automotiva em qualificá-los, certamente estão mais preparados para enfrentar o competitivo mercado de trabalho. A qualidade de um reparo numa concessionária é impecável e deve ser seguido como exemplo pelas oficinas independentes.

 

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Primeiro centro de treinamento regional da Volkswagen em Curitiba/PR

 

Para isso, os técnicos devem estar cientes de a todo o momento buscar conhecimento para essa área tão desafiadora que é a mecânica de veículos. Afinal, uma equipe técnica capacitada para efetuar manutenções preventivas e corretivas sempre estará em evidencia pelo seu profissionalismo.

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