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Seminário da Reposição Automotiva debate soluções para a capacitação profissional

A 20ª edição do Seminário da Reposição Automotiva, promovida pelo GMA (Grupo de Manutenção Automotiva), no dia 14 de outubro, em São Paulo,  abordou assuntos relevantes para a indústria automobilística – frota circulante, mercado de reposição, Programa Carro 100% / Caminhão 100%  / Moto 100%, capacitação profissional e apresentou também um panorama da economia brasileira e mundial, reunindo representantes de todo o setor de reposição automotiva: fabricantes de autopeças, distribuidores, varejistas e reparadores.

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Painel com representantes do setor

A voz das entidades
“Procuramos oferecer temas importantes que poderão servir de grande auxílio para a determinação de negócios futuros do setor”, afirmou o coordenador do evento e do GMA e conselheiro do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), Elias Mufarej, em vídeo exibido na abertura oficial do seminário. Paulo Butori, presidente do Sindipeças, disse que a entidade representa 500 empresas, que atendem montadoras, reposição, exportação e intersetorial e tem no setor de reposição o segundo maior em importância. Em seguida, destacou na programação o programa Carro 100% / Caminhão 100% / Moto 100%, que está sendo remodelado.

Renato Giannini, presidente da Andap/Sicap (Associação Nacional dos Distribuidores de Autopeças/Sindicato do Comércio Atacadista Importador, Exportador e Distribuidor de Peças, Rolamentos, Acessórios e Componentes da Indústria e para Veículos no Estado de São Paulo), ressaltou que o modelo de distribuição deve ser repensado devido à complexidade fiscal e tributária. Já Francisco de La Tôrre, presidente do Sincopeças-SP (Sindicato do Comércio Varejista de Peças e Acessórios para Veículos no Estado de São Paulo), enfatizou a importância do estudo da Roland Berger, encomendado pelo GMA, para o planejamento das empresas do setor. Antonio Fiola, presidente do Sindirepa-SP e Nacional (Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo), falou sobre a importância da Lei Alvarenga e lembrou da inspeção veicular, programa relevante para melhoria da qualidade do ar e para a segurança no trânsito, que o poder público abandonou. “A cadeia automotiva precisa fazer campanhas para seu retorno”, comentou.

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Edison Brasil

Aumento da frota gera demanda
Raul Camargo, o diretor geral da Gipa Brasil – instituto de pesquisa que estuda o mercado automotivo especializado em pós-venda, presente em mais de 36 países, destacou em sua palestra que os licenciamentos vêm apresentando números históricos e, cada vez mais, um volume maior de veículos precisa de manutenção e migra para o mercado independente após um ano e oito meses, alguns nem cumprem prazo de garantia da montadora. A pesquisa realizada com 3.950 motoristas revela que o principal motivo para escolha do local para levar o caro para revisão é confiança e não preço. Além disso, o número de concessionárias não aumentou proporcionalmente à frota, fazendo com que a rede autorizada não dê conta de atender a demanda. “Clientes não vão faltar para o aftermarket”, comentou Camargo, acrescentando dados importantes sobre a frota circulante: “Das 4,3 milhões de picapes e vans do parque circulante, 47,5% têm menos de 5 anos e do parque de veículos 32,7 milhões são automóveis e SUVs, sendo que 43,6% possuem menos de cinco anos”. Segundo Camargo, os proprietários de veículos mais novos valorizam mais a confiabilidade e a qualidade do serviço do que preço, o que significa em oficinas mais organizadas e limpas, com equipamentos atualizados e equipe treinada.

Outro fator que cria oportunidade de negócios é o aumento da quilometragem anual média. Passou de 11.642 km em 2012 para 12.755 km em 2014. Com isso, os intervalos de entradas em oficinas também estão diminuindo. “A oportunidade está a nossa frente. É a chance de vender produtos e serviços com margens menos apertadas”, finalizou.

Comportamento do motorista com relação à manutenção
– Motoristas efetuaram, em média, 3,15 visitas em prestador;
– Em 2013, motorista percorreu 4.059 km entre duas entradas a um prestador;
– Apenas 64,5% das entradas de um carro com menos de 1 ano são feitas em concessionárias;
– 57% dos motoristas frequentaram as oficinas independentes;
– 18% frequentaram concessionárias.
(Pesquisa GIPA com 3.950 entrevistados sobre os hábitos de manutenção do veículo nos últimos 12 meses)

Estudo sobre o mercado será apresentado em 2015
O consultor da Roland Berger, Stephan Keese, falou sobre o estudo que está fazendo, realizado a pedido do Sindipeças, Sindirepa e Sincopeças, que mostrará o cenário macroeconômico, frota, canais de reposição, movimentação das montadoras e de consolidação e rentabilidade no setor. “Após um ano difícil, o mercado de veículos deve crescer, mas em nível moderado, até 2020”, revelou Keese, apontando os fatores para a evolução: maior poder de compra, aumento e renovação da frota, elevação do valor dos veículos, mudanças regulatórias e no comportamento do consumidor. É esperado que o mercado de reposição atinja R$ 17 bilhões em 2020, que possui características únicas e tem muita força.

Stephan Kesse antecipou algumas conclusões do estudo. Segundo o consultor, a participação das montadoras deve aumentar no setor e os canais de distribuição, reparação e reposição devem se consolidar, mais profissionalizados e especializados. Ocorrerá também redução do mercado informal, com maior controle de entrada e saída de peças com novas regulamentações. Outros canais de distribuição devem crescer, como o comércio online e supermercado de peças.

Entre os desafios do setor citou: necessidade de estratégia de produtos e desenvolvimento tecnológico mais claro e preços mais competitivos, profissionalização e desenvolvimento de escala para os distribuidores e varejistas, complexidade fiscal e redução do nível de evasão da cadeia de distribuidores para equalizar competitividade interna, aumentar nível de qualificação e treinamento de oficinas e funcionários, educação e conscientização do usuário final sobre manutenção preventiva.

Painel destaca propostas para capacitação da mão de obra
A mão de obra no setor foi o tema central do painel de debates. Antonio Fiola, presidente do Sindirepa-SP e Nacional, mediador do painel, questionou a complexidade de se treinar os profissionais do setor. “Se a indústria unir força com distribuidores, podemos treinar o varejo e os mecânicos”, apontou Ranieri Leitão, presidente do Sincopeças-CE. Mas, para ele, os colaboradores do setor ainda não estão sendo treinados adequadamente para suportar a carga tecnológica. No Ceará, para oferecer capacitação buscou apoio do Sebrae e criou projetos para capacitação que atendem profissionais de 90 empresas. “Com isso, estamos mudando a cara do setor no Estado”, ressaltou.

Luís Norberto, presidente do Grupo DPaschoal, comentou sobre os desafios da mão de obra na reposição e sobre o trabalho que desenvolve em sua empresa para qualificar seus colaboradores. “Treinamos 44 mil homens hora e conseguimos reter 20% desse contingente”, afirmou. Segundo Norberto, indústrias e fornecedores têm colaborado para levar conhecimento aos profissionais. Na sua visão, a indústria, em parceria com distribuidores, deve promover treinamento aos profissionais do varejo e oficinas. “Também é preciso aprimorar sistemas de gestão, pois o mercado deverá passar de 30 a 40 mil CKUs para 100 mil CKUs nos próximos anos devido à variedade de modelos e marcas da frota”, complementou o empresário, que é engajado em projetos sociais relacionados à educação por meio da Fundação Educar, criada em 1989.

No Sindipeças, o conselheiro Ali El Hage, disse que a entidade não esperou pelo governo e criou o Instituto Sindipeças de Educação Corporativa, que conta com cinco escolas voltadas para manufatura, gestão de pessoas, gestão de mercado, gestão de negócios e sustentabilidade. “Treinar é investimento e não despesa. Temos que mudar a cultura, se a empresa quer ter sucesso precisa de mão de obra qualificada”, disse Hage, sugerindo fazer parcerias para criar módulos também para o comércio já que os cursos no instituto do Sindipeças são voltados para a indústria, bem como ver a possibilidade de conseguir recursos do governo.

O diretor técnico do Senai, Ricardo Terra, disse que a saída para a falta de mão de obra especializada é fazer parcerias entre a instituição de ensino e todos os elos da cadeia. Terra sugeriu constituir um grupo de trabalho para entender melhor o setor e ter ações concretas na área de profissionalização. “É só acertar os pleitos do setor porque recurso público destinado à educação tem”, enfatizou o diretor técnico.

Todos foram unânimes ao dizer que é preciso unir o setor – fabricantes, distribuidores, varejistas, reparadores, instituições de ensino e governo para disseminar o treinamento já que há grande carência de mão de obra especializada.

Ao final do evento, o professor Nailor Marques, especialista em comunicação com o cliente com foco em percepção da realidade, falou sobre como explorar vantagens competitivas, enumerando sete passos: ampliação da destreza; desmontar dúvidas, entender e repetir do jeito certo; autoavaliação; manutenção do foco; determinação; criação de metas claras e buscar a excelência.

Carro 100% / Caminhão 100% / Moto 100%
Sobre o programa, promovido pelo GMA, de conscientização sobre manutenção preventiva de veículos, o conselheiro do Sindipeças, Edson Brasil, falou que será lançada uma ferramenta para dialogar diretamente com os motoristas – um aplicativo do programa para celulares, que deve ser disponibilizado até o início de 2015.

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Octávio de Barros

Cenário econômico mundial fica abaixo do esperado, mas não representa ameaças ao Brasil
Apesar do crescimento modesto ou perto de zero da economia mundial e da indústria automobilística estar “cortando os pulsos” no mundo, com ociosidade de 29 milhões de veículos, o economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros, não vê nenhum problema insolúvel no cenário macroeconômico brasileiro mesmo sem demanda externa. “O Brasil tem maturidade e é a sétima economia no mundo. O ano que vem tem grandes chances de ser parecido com 2003, com um primeiro semestre de ajustes e os últimos seis meses de recuperação da confiança”, comentou.

A previsão do PIB é de crescimento de 0,5% em 2014 e 1,5% em 2015. Para o PIB agronegócio, as estimativas apontam para 2,5% neste ano e 3% em 2015, enquanto o de serviços deve chegar a 1% e 1,5%, respectivamente. A produção industrial retrai 2% em 2014 e alcança 2,5% em 2015. Além disso, ele também informou que como os juros nos Estados Unidos deverão demorar um pouco mais para aumentar, previsão para 2016, o Brasil ganha fôlego para fazer os ajustes necessários, fator positivo para a economia brasileira. O economista frisou também que não é apenas o Brasil que vive a estagnação da indústria, isso também está acontecendo na Alemanha devido às quedas nas exportações e a China não terá mais crescimento tão expressivo e Estados Unidos deve rever para baixo a previsão de desempenho econômico.

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