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Entrevista: Qualidade: investimento certo

O presidente do IQA, Marcio Migues, falou nessa entrevista sobre a importância em trabalhar de acordo com padrões de qualidade. Apesar do custo, o método pode dar retorno para o empresário e para o cliente

 

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Revista O Mecânico: Quando e por que foi criado o IQA?
Marcio Migues: O IQA (Instituto da Qualidade Automotiva) foi fundado em maio de 1995 para proteger tecnicamente a indústria automobilística nacional, garantindo que a distribuição de autopeças tivesse a qualidade necessária prevista pelos fabricantes, evitando pirataria, recuperação inadequada e materiais de segunda linha. Foi uma solicitação do governo federal, por meio da câmara setorial automotiva dentro do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade, criado após a abertura das importações em 1991. Como consequência, foi desenvolvida uma regulamentação para certificação obrigatória de peças automotivas, cujo plano original priorizaria componentes relacionados com segurança. A intenção foi garantir que a peça de reposição tivesse a possibilidade de receber um reconhecimento, facilmente identificável pelo público, que demonstrasse a mesma qualidade e desempenho exigido pelo fabricante, o que coibiria a falsificação e zelaria pela qualidade mesmo para quem não fosse fornecedor de peças originais.

O Mecânico: Como se desdobrou essa proposta inicial?
Marcio: A ideia era começar pelas peças de segurança, primeiramente pneus e depois passaria para componentes de suspensão, freios, iluminação, etc. Tudo que envolvesse segurança dentro do veículo seria certificado e depois outras peças e sistemas também teriam a exigência de certificação. Mas o projeto acabou não evoluindo da maneira que foi inicialmente concebido, viabilizando apenas poucos produtos, como por exemplo pneus novos e capacetes para motociclistas. A certificação ainda funciona até hoje muito bem com os produtos de certificação obrigatória e atualmente todas as opções nacionais ou importadas têm que apresentar marca de conformidade, conquistada através de auditorias periódicas realizadas pelo IQA.

O Mecânico: Assim o IQA começou a atuar no segmento…
Marcio: O órgão do governo responsável por certificação é o INMETRO, que solicitou para as montadoras, indústrias de autopeças e oficinas de reparação, através de suas entidades representativas (Anfavea, Sindipeças e Sindirepa), que se mobilizassem com o intuito de encontrar uma maneira de fazer a certificação, incluindo fabricantes de autopeças, de veículos e de serviços. Daí, nasceu o IQA, que é um instituto de iniciativa privada sem fins lucrativos, neutro e apolítico, que tem como foco a parte técnica acima de tudo.

O Mecânico: E o instituto começou então a tomar forma de órgão certificador?
Marcio: Sim, daí começou nosso trabalho. As principais entidades do setor automotivo organizaram-se e fizeram um investimento para início das atividades, envolvendo criação da sede e formação de grupo técnico que seria responsável pela administração do instituto e futura realização de auditorias. Como apoio adicional, um grupo de executivos de montadoras e fabricantes de autopeças, voluntariamente, costuraram como seria o instituto, desenvolvendo estatuto e regulamentações iniciais. Foram criadas competências internas e parcerias com órgãos de certificação internacionais. Hoje somos representantes de muitos dos principais organismos ligados à qualidade no mundo,viabilizando a aplicação dos mais modernos procedimentos mundiais no esclarecimento de questões técnicas sobre peças e serviços.

O Mecânico: E expandiu a certificação para outras áreas…
Marcio: Sim, o instituto então se propôs a ir além de um órgão certificador, atuando na verdade como um órgão de fomento da qualidade na área automotiva. Posteriormente, foi identificada a necessidade de aprimorar a qualidade em serviços, principalmente na questão das oficinas mecânicas e retíficas de motores, cuja representatividade no Brasil é muito forte. Essa ação protege o consumidor e viabiliza a abertura de novos negócios para as empresas, como por exemplo participação em licitações. Hoje, temos diversas oficinas e retíficas certificadas em todo o País, empresas idôneas que contam com certificação de conformidade de sistema de gestão da qualidade de serviços pelo IQA.

O Mecânico: Quantas oficinas mecânicas são certificadas?
Marcio: Atualmente o IQA possui sistemas de certificação específicos para cada segmento de empresas da reparação automotiva, incluindo concessionárias, centros automotivos, oficinas mecânicas e retíficas de motores. Aproximadamente, 50% das concessionárias escolheram o IQA para desenvolver seu processo de certificação, incluindo a rede da Volkswagen (também pesados, agora MAN Latin America) e Fiat – além disso, duas novas redes de concessionárias iniciarão o processo em 2010. As auditorias são adaptadas para os padrões específicos de cada rede, e nas empresas independentes o IQA oferece um sistema de certificação exclusiva que garante a busca de referência dos padrões de qualidade. Hoje, ao todo temos 790 empresas de reparação automotiva certificadas.

O Mecânico: Na sua opinião, esse número vai aumentar nos próximos anos? É porque o cliente ficou mais exigente?
Marcio: A certificação da qualidade na oficina não é compulsória, então investe quem quer, na verdade, o empresário que tem visão. Uma oficina certificada não compra peças sem boa procedência, utiliza mecânicos com treinamento, ferramental adequado e padrões da qualidade. Além disso, preocupa-se também com o meio ambiente, pois hoje em dia o IQA oferece um reconhecimento específico para essa necessidade dos tempos atuais (o Selo Verde, em parceria com o CESVI Brasil). A certificação vai crescer não somente porque os clientes estão mais exigentes, mas também pela consciência crescente do próprio mercado, que cada vez mais solicita a certificação para oficinas mecânicas e retíficas de motores em licitações públicas e privadas.

O Mecânico: A rede independente de oficinas não se certifica porque pensa que é muito investimento? Qual o incentivo que o pequeno empresário precisa para buscar essa qualidade?
Marcio: Conseguir a certificação é trabalhoso, mas ele tem que acreditar que com qualidade ele ganha clientela. É unânime, é só comparar as oficinas antes e depois da certificação. Melhora inclusive a capacidade de retenção de funcionários. O primeiro passo para a certificação é fazer um housekeeping (arrumar a casa), o que significa trabalhar dentro de regras, com pessoal qualificado, peças boas e instrumentos aferidos. Qualidade exige investimento, mas dá retorno altíssimo. A certificação mexe com a empresa, é impressionante ver os resultados.

O Mecânico: Além de certificar, o IQA oferece cursos e orientações aos profissionais do mercado automobilístico?
Marcio: Isso mesmo, oferece o que o mercado precisa, por isso disponibilizamos todo tipo de curso e eventos para os profissionais do setor, o que é bastante aplicado para os fabricantes de autopeças, por exigência das montadoras. Todos os requisitos exigidos pelo IQA para oficinas mecânicas e retíficas de motores também possuem treinamentos específicos oferecidos pelo Instituto.

O Mecânico: O que o IQA tem para o mecânico?
Marcio: Temos cursos e palestras sobre vários temas que se aplicam na oficina, como atendimento, gestão, meio ambiente, legislação, questões de saúde e segurança de funcionários, etc. Mais informações podem ser obtidas pelo site: www.iqa.org.br. O que o setor precisa, havendo demanda das empresas, tudo em nome da qualidade e da excelência na prestação de serviços automotivos.

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