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Motor girando em perfeita sincronia

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Correias de sincronismo e de acessórios são as peças responsáveis por coordenar o trabalho do motor. Veja quais cuidados que você deve tomar no diagnóstico e na troca na opinião dos especialistas das fabricantes

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Na Revista O Mecânico, repetimos em quase todas as reportagens: o mecânico de confiança é o grande conselheiro do proprietário. É papel do reparador orientar seu cliente para o fato de que a saúde do veículo depende tanto de quem o conserta quanto de quem o dirige. Desde conduzir o veículo com cuidado até ficar atento aos prazos de manutenção, o proprietário do carro também é responsável para o sucesso das manutenções, se forem feitas a tempo. Sim, estamos falando de manutenção preventiva: duas palavrinhas mágicas para o sistema de sincronismo nunca sair do ponto.

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Correia sincronizadora Goodyear

“Como não há um prazo definido e exato para a troca das correias, assim como temos para outros componentes do automóvel, a manutenção preventiva faz-se extremamente necessária”, declara o gerente de produto da Goodyear Veyance para a América Latina, Ivan Furuya. Durante o funcionamento, tanto as correias dentadas quanto as correias de acessórios não dão sinais de fadiga, exceto em casos muito específicos. Por isso, respeitar o limite de quilometragem para a troca, determinado pelo fabricante no manual do veículo, é essencial.

Vamos conhecer um pouco mais sobre quais cuidados tomar com as peças que ligam todo o sistema de sincronismo do motor.

Examinando a correia sincronizadora

A função básica da correia dentada (ou sincronizadora) é manter em sincronia o virabrequim e o comando das válvulas, como explica o supervisor técnico da Dayco, Davi Cruz. “A correia sincronizadora correlaciona perfeitamente as aberturas e fechamentos das válvulas, de acordo com a subida e descida dos pistões”, continua. Dentro desse movimento, como esclarece a equipe técnica da Gates, também podem entrar a bomba d´água, eixo balanceador e outros componentes, dependendo do projeto do motor.

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Correia sincronizadora Gates

Os prazos de inspeção periódica variam também de acordo com cada fabricante de automóvele também como cada fabricante de correias. “Deve-se ficar atento para que a correia não trabalhe muito além da quilometragem recomendada pela montadora, pois com isso a correia perde a resistência e eficiência, o que poderá causar a sua ruptura”, comenta o assistente técnico da Continental, Denis Ferreira.

A Gates recomenda a inspeção visual do sistema a cada 10 mil km, aproveitando a ocasião para checar se a tensão da correia está correta – com baixa ou alta tensão, a correia vai se desgastar mais rapidamente, assim como, as polias e tensionadores do sistema.

Ivan Furuya, da Goodyear Veyance, recomenda verificar a correia a cada 15 mil km, e orienta que a inspeção visual deve procurar por rachaduras ou trincas na correia, que podem ser sinais de ressecamento da borracha. Já o especialista da Dayco dá outra dica: “os carros que transitam em locais com muita poeira ou lama podem ter o desgaste acelerado, já que a sujeira impregna no sistema. Fique atento ao vazamento de óleo, pois se atingir a peça ela poderá ressecar e quebrar”, complementa Davi, que também recomenda a inspeção visual a cada 15 mil km.

 

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Correia sincronizadora Dayco

“Verifique as correias com o motor desligado e, preferivelmente, frio. Isso evita possíveis queimaduras e ferimentos causados por alguma peça em movimento”, alerta o supervisor técnico da Dayco. Ele continua orientando que o mecânico deve observar cuidadosamente as bordas e a parte interna das correias. “Qualquer sinal de desgaste indica que a correia precisa ser trocada e que as polias dentadas também devem ser examinadas quanto ao desgaste”.

De nenhuma forma a correia sincronizadora deve apresentar rachaduras (causadas por exposição ao calor, tensão excessiva ou final de vida útil), decomposição (quando as rachaduras se aprofundam, começam a soltar pedaços) ou desalinhamento.

 

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Correia sincronizadora Continental

A correia também não pode estar vitrificada – defeito que pode ser identificado quando a área de contato da correia fica lisa e brilhante, causando deslizamento nas polias. “Correias vitrificadas perdem a aderência e causam ainda mais deslizamento”, conta Davi, esclarecendo que a causa pode ser a presença de óleo e graxa nas polias. Por isso, a equipe técnica da Gates faz questão de frisar: as correias dentadas são feitas de um material chamado HNBR, que não tolera derivados de petróleo. A contaminação por óleo e graxa também pode causar a perda de dentes da correia.

Aplicando a correia sincronizadora

Se a correia estiver em boas condições, seu período de troca deve seguir o que está determinado no manual do veículo. Mas caso esse período seja desconhecido, Davi Cruz aponta que a substituição preventiva deve ser feita a cada 50 mil km. “Em motores com 16 válvulas ou mais, o cuidado deve ser ainda maior, pois, normalmente, contam com dois comandos de válvula. A periodicidade deve ser respeitada, assim como em uma troca de óleo ou rodízio de pneus”, declara. Lembre-se: se o veículo for utilizado em condições severas (trânsito pesado ou uso fora de estrada), os períodos devem ser reduzidos pela metade.

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Na instalação, segundo a equipe técnica da Gates, o mecânico nunca deve esquecer alguns pontos: posicionar as polias do motor no ponto certo; nunca utilizar lubrificante ou derivado de petróleo para ajudar no encaixe da correia; não forçar o encaixe com ferramentas como chave de fenda; sempre verificar se o tensionador está em condições de uso e alinhado com o sistema.

“Alinhamento e tensionamento corretos são fundamentais para a excelente aplicação da correia sincronizadora”, explica Ivan Furuya, que também dá dicas para a instalação correta da peça. “Quando a correia for retirada, evite movimentar bruscamente o virabrequim. Sem a correia, as válvulas estão paradas e há risco de colisão com os pistões”, alerta.

Os procedimentos de alinhamento e tensionamento do sistema de sincronia variam de motor para motor, como deve estar descrito nos respectivos manuais de reparo, e devem ser feitos sempre seguindo rigorosamente as recomendações do fabricante do veículo. “Nunca invente procedimentos. Se ferramentas específicas são previstas, elas devem ser obrigatoriamente utilizadas”, atenta o técnico de ensino do SENAI, Fernando Landulfo.

Furuya continua: “a nova correia deve ser instalada e tensionada cuidadosamente na posição correta de sincronismo. Após a instalação, movimente manualmente o virabrequim por duas voltas completas; isso faz com que a correia se assente sobre as polias. Feito isso, deve-se conferir a posição e o tensionamento da correia”.

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Função da correia dentrada é sincronizar o eixo comando de válvulas e o virabrequim

O gerente de produto da Goodyear Veyance recomenda ainda que o conjunto de polias e tensionadores sempre sejam trocados juntamente com a correia, sem exceção. Davi Cruz atenta para que a bomba d’água também seja examinada na troca – e substituída, se for o caso. Ele também alerta que o mecânico não deve vincar, dobrar, enrolar ou virar a correia, o que pode danificá-la antes mesmo da aplicação.

Má instalação ou falta de manutenção

Em caso de negligência na manutenção ou na instalação da correia sincronizadora, as consequências podem chegar ao limite. “Desgaste prematuro dos dentes, desgaste das laterais da correia, eliminação de dentes etc. Tudo isso vai se agravando até a quebra da correia”, adverte a equipe técnica da Gates. “Dizemos que uma correia nunca quebra ou rompe, sempre é algo que faz isso na correia”, afirmam.

A má instalação de polias e correias pode causar o desalinhamento do sistema de sincronismo. “Desalinhamento da correia pode causar a sua ruptura, bem como excesso ou falta de tensão também irão danificar a correia, fazendo com que ela não execute corretamente seu trabalho de sincronismo com consequente dano ao motor do veículo”, detalha Ivan Furuya.

Veja o que causa cada tipo de quebra ou defeito de correia dentada, segundo a equipe técnica da Gates:

• Quebra irregular: Tensão excessiva na
instalação; presença de corpos estranhos no sistema (pedras, parafusos etc).

• Quebra regular: Armazenamento incorreto; manuseio incorreto durante
a instalação.

• Dentes arrancados: Baixa tensão na
instalação; travamento nas polias; contaminação com óleo ou graxa.

• Dentes desgastados: Tensão excessiva na instalação; polias desgastadas.

• Ruídos: Tensão incorreta; desalinhamento do sistema; rolamentos danificados; polias desgastadas.

 

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Trincas no dorso (pequenas rachaduras)

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Arrancamento de dentes

O simples esquecimento da troca preventiva acarreta risco iminente ao motor: “Em 100% dos casos, quando a correia não é substituída no prazo certo, o risco de perda total do motor é alto. A correia dentada não apresenta sintomas de desgaste durante o funcionamento. Sua quebra acontece repentinamente”, alerta a equipe técnica da Gates.

A quebra da correia fará com que o motor saia de sincronismo, e então será um desastre. “No caso da quebra, ocorre o atropelamento das válvulas, que podem até quebrar. Com isso danifica-se também o pistão, parte do bloco do motor e o cabeçote”, afirma Davi Cruz. “Outro problema, e mais grave, é quando, por falta de conhecimento, o motorista tenta acionar a partida do automóvel várias vezes, gerando uma força muito grande através do motor de arranque. Nesse momento, o condutor pode estar danificando completamente o cabeçote e os pistões”, delata.

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Quebra da correia dentada faz com que o motor saia de sincronismo causando o atropelamento de válvulas, e, por consequência, danos nos pistões e no bloco

O custo do reparo do motor após a quebra é muito maior do que o gasto na troca preventiva das correias, tensionadores e polias, além do tempo maior de parada do veículo. A Gates estima que, nesse caso, o reparo corretivo pode chegar a 40 vezes o preço de uma preventiva. Davi Cruz calcula que uma correção nesses moldes possa gerar custos de mais de R$ 1.500,00 em um carro popular. “Isso mostra que a manutenção desta peça é fundamental não só para o bom funcionamento do equipamento, mas, também, para o bolso do motorista” conclui o especialista da Dayco.

Correia de acessórios: função e diagnóstico

Não menos importante, a correia de acessórios “faz a transmissão de movimento e força da polia do virabrequim para os acessórios do motor, como a bomba de água, direção hidráulica, alternador e compressor do sistema de ar condicionado”, como explica a Gates. Ao contrário da correia sincronizadora, onde a força é transmitida pelo contato dos dentes, a transmissão de força das polias para a correia de acessórios acontece por atrito.

Existem dois tipos de correia de acessórios, dependendo da idade do projeto do motor e dos sistemas que ele abriga. Uma é a correia “V”, mais simples, adotada por propulsores mais antigos e projetos mais simples. A outra é chamada de Poly-V (pela Dayco e Goodyear Veyance) e Micro-V (pela Gates); e se diferencia por ser mais larga e conter várias estrias (ou frisos) que entram em contato com as polias. Em questão de períodos de manutenção e diagnóstico, as duas se assemelham: de 10 a 15 mil km, assim como na sincronizadora, salvo alguma observação especial no manual do proprietário. Por isso, não custa nada examinar o conjunto inteiro quando foi dar uma espiada no sistema.

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Na hora da inspeção, o mecânico deve procurar por rachaduras nos canais da correia de acessórios. “Rachaduras e trincas podem indicar ressecamento da borracha, e risco de quebra”, observa Ivan Furuya. “Verifique alinhamento e tensionamento da correia, bem como, veja a situação das polias e tensionadores, que podem afetar diretamente o bom funcionamento da correia”, diz o especialista da Goodyear Veyance. “Polias desgastadas ou desalinhadas vão forçar a correia de acessórios que, com o mau funcionamento, poderá romper” complementa Davi Cruz.

O supervisor técnico da Dayco, Davi Cruz, dá uma lista de problemas que podem ser identificados na inspeção visual da correia de acessórios:

• Desgaste do dorso, geralmente causado pelo travamento do rolamento;

• Desgaste irregular, que ocorre quando a correia trabalha em contato com elemento estranho;

• Ruptura dos “ribs” (frisos), que ocorre quando a correia trabalha com tensão baixa ou polias desgastadas;

• Desgaste lateral, que ocorre quando a correia trabalha com os componentes do sistema de transmissão desalinhados;

• Corte nos frisos, que ocorre quando a correia trabalha desalinhada ou com elemento estranho no sistema de transmissão;

• Desprendimento de partes dos frisos, quando pedaços de borrachas que se soltam da correia, causado principalmente por excesso de tensão, aquecimento ou contaminação por derivados de petróleo;

• Trincas, que podem ser causadas pela falta de tensão ou quando a correia de acessório está no final de sua vida útil.

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Desgaste no dorso da correia

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Trincas no ribs (frisos)

Durante a inspeção visual, a Gates recomenda o uso de uma ferramenta de medição de micro canal, graças a qual não é necessária a retirada da correia do sistema para saber se a peça está desgastada ou não. “Aplique a ferramenta em cada canal da correia e verifique o quanto ela afunda”, explica a equipe técnica da fabricante, que até mesmo já disponibiliza um aplicativo para iPhone chamado “PicGauge”, que fotografa a correia e faz uma análise imediata do tempo de vida útil que ainda resta para a peça.

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Correia de acessórios movimenta vários itens, como, por exemplo, o alternador do veículo

Manutenção da correia de acessórios

O período de substituição de cada correia também varia de carro para carro, de motor para motor, por isso, é imperativo consultar o manual do veículo para se informar. Na troca, tensionadores e polias também devem ser substituídos, como recomenda Ivan Furuya. “Colocar uma correia nova em uma polia ou tensionador usado pode não funcionar corretamente em função dos desgastes que estes componentes sofrem no decorrer de sua vida útil”, explica o gerente de produto da Goodyear Veyance.

Ivan explica que, na quebra da correia de acessórios, o motor não é afetado diretamente, salvo em casos onde a correia de acessórios fica muito próxima da correia dentada, “onde uma possível quebra da correia de acessórios pode ocasionar a quebra da correia dentada em função do efeito ‘chicote'”. Entretanto, o técnico de ensino do SENAI, Fernando Landulfo, observa que se a correia de acessórios estiver movendo a bomba d’água, o motor pode superaquecer.

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A Gates também recomenda a limpeza e a verificação das condições de todas as polias do sistema durante a troca preventiva. “Quando mal aplicada, a correia de acessórios pode apresentar desgaste irregular e prematuro, além do mau funcionamento dos acessórios envolvidos (ar-condicionado, direção hidráulica etc) e ruídos no funcionamento do sistema”, explica a equipe técnica da fabricante.

Se a correia de acessórios não for substituída no prazo, a peça poderá romper, causando a falha do alternador (a bateria irá descarregar e parar o veículo), direção hidráulica (que vai endurecer repentinamente, podendo provocar acidentes), compressor do ar-condicionado, bomba d’água, enfim, todos os periféricos ligados por ela.

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Quando não é trocada no prazo, a correia pode romper causando falhas nos componentes que movimenta

Para Ivan Furuya, a correia é o “fusível” do motor. “Às vezes, a correia se rompe ou não trabalha da forma correta em função de outros componentes do motor, tais como os tensionadores e polias, um mau alinhamento ou tensionamento. O tensionamento tem que ser o ideal. Excesso ou falta de tensão fazem com que a correia não trabalhe da forma pelo qual ela foi desenvolvida”, finaliza.

3 comentários em “Motor girando em perfeita sincronia

  1. Parece q esse mecanico ai te enganou. Qndo uma correia de alternador,quebra,geralmente o carro so para de gerar energia ou algum pedaco de borracha pode cair no sensor de rotacao e o carro parar. Ja aconteceu cmg. Nao tive q fazer motor nem nada,apenas coloquei outra correia no lugar.

  2. Bom tarde !..Fiz revisão completa , preventiva em minha Kangoo,ano 2015 com baú ,refrigerado,trocando tudo que o mecânico solicitou : Correia dentada,correia do alternador,velas, amortecedores dianteiros, óleo,filtros, suspensão completa, etc. Após 1 mês e meio de uso , o carro parou de repente,apagou tudo. Liguei para o mecânico que solicitou um guincho,pois estava em outra cidade e ele não queria que nenhum outro mecânico mexendo para eu não perder a garantia de 3 meses. Após a desmontagem,a avaliação do mecânico era de que a correia do alternador foi cuspida em virtude da quebra da polia do virabrequim e que estragou internamente e precisa retificar cabeçote,trocar válvulas,etc.etc. , prejuízo decR$6.027,00 , inclusos guincho ,nova mão de obra,etc..Perguntei para alguns outros mecânicos e fóruns na internet,se o fato do ângulo e excesso de tensionamento na troca da correia do alternador,poderia ter provocando a quebra da polia do virabrequim e consequente atropelamento das válvulas ?…Pergunto : É possível ter quebrado a polia do virabrequim por má instalação e mal tensionamento da correia do alternador ?

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