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Entrevista: Mecânico preza a peça original

Em conversa, o novo diretor de Vendas para Montadoras da Dayco América Latina, Eduardo Buchaim, mostra que confia nos mecânicos quando o assunto é aplicação de peças originais

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Revista O Mecânico: O Senhor chegou para assumir uma nova área de atuação da Dayco. Quais seus objetivos?
Eduardo Buchaim: A Dayco está no Brasil há 10 anos, voltada principalmente, para o aftermarket e líder nesse segmento. Apesar de já estar dentro das principais montadoras, houve a necessidade de intensificar esse trabalho. Por isso, fui chamado para estruturar uma divisão de vendas de peças para montadoras, ou seja, para o mercado de equipamentos originais (OEM). É importante lembrar que não tínhamos uma área comercial diretamente para montadoras, mas já estávamos nesse segmento através da Daytech, outra empresa do Grupo, que gerenciava as negociações.

O Mecânico: E como está formada essa estrutura? Existe plano de ter mais uma fábrica no Brasil para atender esses novos clientes?
Eduardo: Nossa estrutura conta com uma engenharia técnica, de desenvolvimento e aplicação técnica, e de vendas. Estamos nos organizando aos poucos. Já temos uma fábrica em Minas Gerais que produz tensionadores, polias e damper, tanto para o mercado original quanto o de reposição.

O Mecânico: A Dayco tem posição de destaque no mercado de reposição, essa participação é grande também dentro das montadoras?

Eduardo: Temos clientes importantes mas nossa meta é ampliar nossa atuação. Hoje estamos dentro das empresas do Grupo Fiat, que inclui a Fiat Automóveis, Iveco, FPT Techologies e FIASA; além disso fornecemos correias auxiliares Poly V e tensionadores para os novos motores Sigma da Ford. A General Motors e a PSA (Peugeot e Citroen) recebem nossos tensionadores e correias.

O Mecânico: Como é o desenvolvimento dos produtos junto às montadoras? Isso ajuda na fabricação de peças para a reposição?

Eduardo: Claro que sim. A Dayco, quando fabrica para montadoras, projeta e homologa as peças antes de levá-las ao cliente, que por sua vez, tem suas homologações próprias, padrões mais rígidos, principalmente, em termos de motor, que é o coração do carro. Então, quando essa peça vai para a reposição é uma peça original, com mais qualidade que uma peça que não foi feita para aquele modelo. Outro detalhe é que o Brasil tem suas peculiaridades locais, por exemplo, é um pólo muito forte em pesquisa e desenvolvimento de carros populares e aplicações regionais, mas na Europa são desenvolvidos produtos para carros globais, que acabam chegando por aqui, como o novo motor da Ford. Logo, nossa experiência em equipamento original global ajuda no desenvolvimento dessa peça para a reposição aqui no mercado nacional.

O Mecânico: A tendência é projetar e produzir uma correia que dure mais?

Eduardo: Sim, isso é um fato relevante mas na prática é um pouco complicado, principalmente, no nosso mercado, pois uma peça que dura mais, custa mais também e isso nem sempre agrada os clientes brasileiros, que tem o perfil de carro de baixo custo. Temos muitas tecnologias em correias que já são usadas lá fora, como a de teflon e a Biocorreia. Correias de alta durabilidade são usadas em carros mais luxuosos, não são exatamente a nossa realidade. Mas vale lembrar que as correias utilizadas hoje são de alta qualidade e estão no mesmo nível que as comercializadas na Europa. A tendência daqui para frente é usar materiais mais nobres em grande escala e aí sim, os preços ficam mais em conta, barateando as inovações. Quem define é o cliente.

O Mecânico: A partir de agora o que a sua equipe vai focar?

Eduardo: Nosso planejamento é colocar a Dayco Brasil no mesmo patamar da Europa em termos de participação de mercado e oferta de produtos junto às montadoras. Como? Disponibilizando aqui o portfólio global da marca.

O Mecânico: Essa estratégia vai ajudar a Dayco no aftermarket?

Eduardo: Sim, o mercado de peças originais para montadoras é essencial para a reposição. Entendo que para ser forte no aftermarket tem que ser forte dentro das montadoras. Sempre pensando em tecnologia e evolução, afinal, a Dayco é o que é hoje na reposição pela sua posição de liderança no mercado de produtos originais no Brasil e no mundo.

O Mecânico: Em sua opinião, os mecânicos enxergam isso, ou seja, eles optam pelas peças originais?

Eduardo: Sim. O carro que é novo hoje daqui a alguns anos vai estar no mercado independente e as correias são produt os que exigem manutenção preventiva, o que faz o mecânico procurar o produto original para a substituição. Até por conta da garantia e da assistência que oferecemos.

O Mecânico: Como o Sr. enxerga o mecânico brasileiro? Ele aplica peças originais?

Eduardo: O mecânico brasileiro é um profissional decente e honesto, além de ser apaixonado por seu trabalho. Então ele não gosta de aplicar peças que não tenham procedência nos carros dos seus clientes. O mecânico preza pelas peças originais sim. Mesmo que ele gaste um pouco mais, quer dar garantia ao seu cliente, senão ele que fica com a responsabilidade. Na minha opinião, as marcas sem qualidade não prosperam nesse mercado por conta desses mecânicos. Além disso, ele sabe que uma peça mais cara, vai durar mais e a fabricante vai oferecer assistência técnica, suporte e garantia. Nem sempre o preço é mais importante para eles, mas o pós-venda da fabricante é.

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