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Manter as ferramentas em ordem é essencial

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Confira nesta reportagem como diagnosticar problemas e fazer a manutenção nos principais instrumentos utilizados pelos profissionais da reparação como torquímetro, relógio comparador, rugosímetro e outros

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A rotina agitada de uma oficina mecânica, muitas vezes, pode fazer com que os profissionais se percam num ciclo em que nada é mais importante que solucionar o problema do veículo. Afinal, o cliente não pode ficar esperando, tudo tem que ser para ontem, e bem feito. No entanto, se o mecânico não reservar um tempo para cuidar da saúde do próprio negócio, o trabalho árduo e frenético pode acabar afetando justamente os grandes aliados para o sucesso de um centro automotivo: os equipamentos e as ferramentas.

O intuito da aferição é garantir que os resultados mostrados durante o processo sempre estarão respeitando as medidas. “Por exemplo, você vai medir uma árvore de manivela com diâmetro do mancal de 45 mm utilizando um micrômetro de 25 a 50 mm. A ferramenta se enquadra perfeitamente nesta faixa de capacidade. Mas há a precisão da medida. Vamos lembrar que cada componente possui uma tolerância em sua medida, no exemplo do mancal temos 45 mm (- 0,018 mm) , e agora são três casas após a vírgula, então é necessário um instrumento com essa precisão para o correto diagnóstico”, explica Hans Weiss Filho, instrutor de prática profissional do SENAI-Ipiranga.

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Mas como fazer para se ter certeza que o instrumento traduziu exatamente a dimensão de uma determinada peça? “A única maneira é usar um padrão para certificar que o instrumento é capaz realmente de traduzir as dimensões da peça medida”, continua Hans. “Com isso, é possível calibrar o equipamento e saber que a medida certa já foi lida, sem maiores dúvidas.” Ele diz que sem a regulagem o técnico até pode conhecer a medida, mas o resultado não pode ser apresentado de forma confiável num laudo de um componente.

“Muitos alunos aprendem a usar os instrumentos de medição e fazer as leituras de seus valores com muita habilidade, mas cometem erros em seus relatórios finais justamente pela falta de aferição desses instrumentos”, afirma. “Os alunos chegam a escrever as medidas de diâmetros dos pistões maiores que as do cilindro, mas mostro a eles que mesmo com micrômetros novos, e todo o cuidado para medir, eles podem falhar ao se esquecerem de aferir os instrumentos”.

De acordo com o instrutor, a aferição deve ser periódica e em alguns casos antes de qualquer medição. “A temperatura é a principal razão dessa recomendação, já que o frio e o calor modificam a estrutura dos componentes. O micrômetro, por exemplo, na regra deve ser aferido à 20ºC. Um setor de metrologia sempre estará climatizado à temperatura de 20ºC”, explica.

Fazer o procedimento dentro de uma oficina mecânica talvez seja mais complicado, já que a temperatura pode ser bem maior que a exigida. Para que o procedimento não receba interferência, no caso do micrômetro, há um isolante térmico que evita que o calor da mão seja repassado para a peça e atrapalhe na regulagem. “Nunca coloque a mão diretamente no fuso ou nas pontas de contato, já que pode alterar a dilatação do material e causar uma diferença”, analisa.

Segundo Hans, nem sempre o mecânico terá o padrão necessário para fazer a medição na oficina. “Por exemplo, um dos instrumentos que sofre mais variação é o paquímetro, mas, em contrapartida, não se realiza medições muito precisas com ele. Por ser restrito, não é necessário que o mecânico fique tão preocupado com a aferição”, conclui.

“Muitas concessionárias devem manter a calibração dos seus instrumentos em dia, pois nem sempre o mecânico, com uma aferição, pode garantir totalmente, como, por exemplo, verificar as variações em um relógio comparador”, ressalta. “Estes estabelecimentos necessitam destas ferramentas muito bem guardadas e conservadas, e com comprovantes para os casos de auditoria. Apesar de o profissional independente dizer que jamais vai fazer tal procedimento, ele precisa saber que existem organismos que podem fazer isso por ele”, conclui.

Na hora de armazenar as ferramentas, no caso do micrômetro, é de bom trato evitar que ele esteja destravado, e jamais em final de curso com as faces de medição unidas. “Guarde em pequenas caixas, não deixe outros equipamentos em cima, e passe uma pequena quantidade de óleo lubrificante, para não deixar oxidar o fuso nem a escala”.

A respeito do relógio comparador, é preciso tomar cuidados já que há engrenagens bastante sensíveis. “Guarde também numa caixa, sempre deixando o fuso livre. Outra coisa que eu repito bastante para os mecânicos é estar com as mãos limpas na hora de utilizar a ferramenta”, sugere.

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O técnico afirma que é recomendável desregular o torquímetro após o uso. Como há molas na parte interna, caso esteja regulado, elas podem sofrer fadiga e perder a função com mais rapidez. “Se for um torquímetro de relógio não é preciso, já que ele retorna para a escala naturalmente, nem se for um de varão”, diz. De acordo com ele, a maioria dos procedimentos de aferição não necessita do uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual). Porém, é bom lembrar que nos setores que esses procedimentos são realizados o uso pode ser necessário.

Procedimento de aferição

Paquímetro

1) A primeira coisa a se analisar no instrumento é a precisão, ou o menor valor que ele consegue medir, que pode ser lida na escala móvel ou nônio, como é chamado. Neste caso, o mínimo é 0,05 mm.

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2) Para verificar a precisão, utilize um padrão de 1,05mm para avaliar valores menores. Para saber se a ferramenta está aferida, a divisão do nônio deve coincidir com valor medido.

 

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3) Na escala fixa, cada divisão corresponde a 1 mm. Para fazer a aferição na escala fixa, pegue um padrão de 1mm e meça, sempre verificando o valor que aparece no instrumento, que deve ser respectivo ao padrão usado.

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4) Para tirar todas as dúvidas que o instrumento está bem aferido, pode-se utilizar um padrão maior, de 10 mm, por exemplo. Não estando dentro do estipulado, o mecânico deve adquirir um novo equipamento ou mandar a um técnico especializado em manutenção de paquímetros.

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Relógio comparador

5) Utilizado para medidas comparativas, o relógio comparador possui um fuso que se desloca e transfere, num movimento circular por meio de um conjunto de engrenagens, o valor do deslocamento. Este instrumento, em geral, permite um deslocamento do fuso de 10 mm, com precisão de, na grande maioria, de 0,01 mm, mas pode atingir 0,001 mm.

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6) Observe a linha de referência, que está ligada diretamente ao disco do aparelho de regulagem. Aproxime a ponta de contato e aperte a base.

 

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7) Feito isso, coloque a escala do equipamento de aferição e do relógio em 0 mm.

 

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8) Faça o deslocamento do disco do instrumento de aferição e compare o valor com o do relógio, que deve apresentar o mesmo número. Se o relógio estiver comprometido, o resultado em desacordo irá denunciar. Em razão do baixo valor, para o mecânico independente, o ideal será comprar um relógio novo.

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9) Atente-se ao aparelho na hora da regulagem, que pode fazer aferições tanto em centésimos quanto em milésimos de milímetro.

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Micrômetro

10) Verifique a capacidade do micrômetro, neste equipamento o valor varia entre 25 mm a 50 mm. Para não passar o calor corporal, que pode dilatar a ferramenta, sempre segure o micrômetro pelo isolante térmico ou coloque-o numa base.

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Obs: Também é possível usar uma morsa, mas coloque uma pequena madeira entre os mordentes, e tome cuidado com a força aplicada.

11) Selecione o padrão, neste caso com valor de 25 mm, posicione no local indicado e movimente o fuso pela catraca.

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Obs: Jamais faça o procedimento por meio do recartilhado. As medidas apresentadas não serão as corretas, pois a carga de contato não será adequada e o valor pode aumentar.

12) Este instrumento está quase no ponto, precisa de uma pequena regulagem. Pegue a chave específica de aferição, coloque no furo indicado, e traga o valor da bainha até o 0 mm.

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Obs: Nunca dê voltas completas na ferramenta, faça apenas pequenos ajustes. Quando se faz uma volta completa, apesar de chegar ao 0 mm, há um deslocamento no tambor, o que ocasiona erros na hora da medição.

Torquímetro

13) O torquímetro é uma ferramenta que quando está comprometida pode ser enviada para uma empresa especializada na manutenção ou ser trocada por uma inteiramente nova, principalmente, quando a mola fadiga.

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14) Para verificar se a ferramenta está dentro do especificado, existe um equipamento de análise chamado DermoTest-E, da Gedore, que auxilia a avaliação.

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15) Coloque o valor especificado no torquímetro de estalo (20 Nm neste exemplo) e aplique a força no medidor. O valor aparecerá no visor, às vezes, com uma pequena margem de variação. Se o número do torque for o mesmo que aparecer no instrumento, a ferramenta ainda está em condições de uso.

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16) Com o torquímetro de relógio, faça a calibração e realize o mesmo procedimento. Não se esqueça de que antes de guardar a ferramenta, é necessário retirar a tensão para não prejudicar a sua funcionalidade.

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Imicro (micrômetro para diâmetros internos)

17) Para a aferição do Imicro, ferramenta utilizada para medir diâmetros internos, vamos utilizar um padrão com orifício no centro de 10,002 mm. Esta ferramenta tem capacidade de 10 mm a 12 mm e precisão de 0,001 mm.

 

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18) Insira o instrumento no padrão, aproxime a medida e faça a leitura da escala, na qual se deve encontrar o respectivo valor do padrão. Neste caso, o Imicro está bem ajustado e apresentou o valor do padrão.

 

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Rugosímetro

19) O rugosímetro é um instrumento industrial usado para medir a rugosidade, textura e a ondulação de uma peça, originados numa usinagem ou brunimento. “Mas que não é feito de forma aleatória. A grana da pedra utilizada no processo tem valor especificado, a rotação entregue para o acabamento, mais a velocidade de avanço, é controlada. Os ‘riscos’ vistos aqui têm profundidade e ângulos de cruzamento determinados pelo projeto do motor”, explica Hans

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20) Segundo ele, o objetivo deste procedimento industrial é a retenção e vedação de óleo lubrificante. “Um motor que andou sem filtro de ar por muitos quilômetros, acaba deixando o pó entrar no cilindro, removendo toda a textura desenhada matematicamente. Se você observar, vai notar que fica igual a um espelho. Isso é péssimo para o motor, porque aumenta o consumo de óleo e diminui o rendimento”.

 

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21) Para medir a rugosidade é necessário obter o parâmetro do fabricante, que neste caso foi o “Ra”. “Fazer um procedimento fora do determinado pela montadora vai gerar queima excessiva de óleo e desgaste dos anéis”, alerta o técnico. “Um motor que iria rodar de 500 mil a 1 milhão de quilômetros, vai ter a sua capacidade reduzida.”

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22) Para calibrar o rugosímetro, posicione a agulha no padrão e espere no visor aparecer o valor da medida utilizando, por exemplo, o parâmetro “Ra”, que deve ser: 2,95 µm (microns), segundo o manual. Caso o valor esteja incoerente, o problema pode ser tanto no sensor (agulha), como no equipamento. Antes de levar o rugosímetro para analisar o motor, deve-se sempre realizar esta aferição.

 

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Colaboração técnica: SENAI – Ipiranga

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