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Entrevista: Investimentos não faltam no setor

Luiz Moan Yabiku Junior, o novo presidente da Anfavea, fala um pouco sobre a importância da indústria automobilística para a economia brasileira, mostra os investimentos feitos no setor, tanto na produção de veículos quanto na de autopeças que abastece as montadoras

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O Mecânico: A Anfavea é uma entidade muito importante no contexto político-econômico nacional, de muita força. Quanto a indústria automotiva representa do PIB brasileiro?
Luiz Moan Yabiku Junior: A indústria automobilística representa 21% do PIB industrial, o que indica a importância do setor no contexto econômico do país. Para 2013 projetamos um crescimento de 3% no PIB e, sem dúvida, vamos contribuir para esse resultado.

O Mecânico: Quantas fábricas estão filiadas à entidade e qual a capacidade produtiva de todas juntas em relação ao ano de 2012?
Luiz Moan: Contamos com 28 empresas associadas, que atualmente têm capacidade produtiva de 4,5 milhões veículos. Com o volume de investimentos anunciado até 2017 esta capacidade subirá para 5,6 milhões no fim do período.

O Mecânico: Existe uma previsão de produção e vendas para o ano de 2013? Vai ser o número esperado pelo setor?
Luiz Moan: Estimamos um aumento de 4,5% na produção de veículos para 2013, o que representaria aproximadamente 3,5 milhões de unidades, e de 3,5% a 4,5% nas vendas no mercado interno, algo próximo a 3,9 milhões.

O Mecânico: No Brasil, os últimos anos representaram forte crescimento na produção de veículos, mesmo com tanta incerteza no exterior, onde estão as matrizes das montadoras. Na opinião da entidade, por que e como o Brasil se manteve forte no setor?
Luiz Moan: A indústria automobilística brasileira tinha uma grande demanda reprimida e uma relação automóvel por habitante muito favorável. Nos últimos anos tivemos um incremento dos financiamentos de veículos, adoção de taxas de juros mais baixas, aumento extremamente significativo do poder aquisitivo de uma parcela bastante representativa da população, além dos incentivos governamentais, o que permitiu a aposta no crescimento da produção. Afinal um mercado interno robusto e ansioso por novidades foi às compras tanto para substituir o modelo usado quanto para a compra de seu primeiro veículo novo. Na questão de política setorial é importante destacar o Inovar-Auto, que com os incentivos a produção local trouxe novos investimentos em inovação e engenharia. Além disso, com taxas menores, os consumidores receberam mais um estímulo de compra com reflexos em toda cadeia produtiva. Ou seja, criação de novos postos de trabalho, investimentos em produtos e tecnologias.

O Mecânico: Apesar de toda a euforia do ano passado, principalmente, com o incentivo do IPI, o ano de 2013 não está sendo tão bom como se estimava. Muito se fala em falta de investimento por parte dos fabricantes, em sua opinião, falta investimento? E isso seria a solução?
Luiz Moan: Não falta investimento no setor. De 2008 a 2012 a indústria investiu US$ 20,5 bilhões no desenvolvimento de novos produtos, tecnologias, processos de fabricação e capacidade. Mais ainda, na implantação de novas unidades produtivas ou ampliação e modernização das fábricas existentes. Com o Inovar-Auto, uma das alavancas de incentivo aos investimentos no setor, as montadoras já anunciaram investimentos de R$ 71 bilhões no mercado brasileiro até 2017. O setor de autopeças tem divulgado um investimento médio de US$ 3 bilhões por ano, portanto, até 2017 serão cerca de US$ 15 bilhões, que serão usados na adequação das unidades para atender a indústria automobilística.

O Mecânico: O setor automobilístico tem uma preocupação a mais nos próximos anos: se adequar ao Inovar-Auto. Como funciona o programa e onde o consumidor vai se beneficiar?
Luiz Moan: O programa Inovar-Auto tem o objetivo de incentivar a produção local e tem sido fundamental para o desenvolvimento da indústria. Com o programa, o setor vai atrair investimentos em novas tecnologias, engenharia e inovação e promover melhorias de eficiência energética que se traduzirão em redução de consumo de combustível para o consumidor. E mais: o investimento deve refletir em toda cadeia produtiva, gerando novos postos de trabalho. O consumidor, portanto, tem como benefício a redução das taxas de IPI, além de ter acesso a carros cada vez mais eficientes, seguros e com alto índice de tecnologia embarcada.

O Mecânico: O programa vai atrair investimentos para o setor. Em sua opinião, o setor vai se desenvolver e oferecer melhores veículos mais eficientes?
Luiz Moan: Sem dúvida, o programa Inovar-Auto vai desenvolver toda a cadeia produtiva. Com investimentos em novas tecnologias, produtos e capacidade produtiva, a indústria automobilística vai oferecer novos veículos ainda mais seguros e em conformidade com a legislação brasileira de emissões de poluentes. Isso influenciará diretamente na competitividade do setor em âmbito internacional, com a criação do Exportar-Auto, programa que tornará o Brasil, novamente, plataforma de exportação de veículos. Nossa meta é de exportar 1 milhão de veículos em 2017, o que representará 20% do total de mercado naquele ano.

O Mecânico: Muito se fala que faltam peças de sistemistas, por isso, a manufatura não está ainda maior, isso confere?
Luiz Moan: A indústria de autopeças e sistemas está atendendo a demanda de produção dos fabricantes de veículos mesmo com o aumento da produção local. Mas assim como a indústria automobilística tem investido para se tornar mais competitiva no mercado interno e externo, o setor de autopeças também deve investir em engenharia e desenvolvimento para melhorar seus índices de produtividade, ser ainda mais competitivo e acompanhar o segmento.

O Mecânico: A utilização de peças vindas da China na linha de montagem não vai contra o programa Inovar-Auto e o incentivo de nacionalizar os veículos?
Luiz Moan: O programa Inovar-Auto incentiva a produção nacional, tanto de veículos quanto de peças, mas as montadoras têm um percentual de itens que podem ser importados. Sendo assim, a Anfavea está trabalhando com o Sindipeças para implantar o rastreamento de conteúdo importado pelos fornecedores. E gradativamente substituir por produção nacional. Não existe indústria automobilística sólida sem uma base extremamente robusta de fornecedores locais.

O Mecânico: Estamos tendo a chegada de novas fábricas vindas da China, eles também farão parte da Anfavea? A entidade teria alguma influência em relação a qualidade desses veículos?
Luiz Moan: Elas podem, sem dúvida, se associar. Desde que atendam alguns requisitos básicos de implantação de nacionalização da produção. A Anfavea trabalha com projetos e ações que contribuam para a melhoria do setor automobilístico, além de recomendar atenção especial a todos os associados para as questões de qualidade e segurança para atender às recomendações da legislação brasileira.

O Mecânico: Afinal, isso é bom para o setor ou pode prejudicar quem já está estabelecido? Como as montadoras mais antigas devem reagir?
Luiz Moan: Toda competitividade é vista de forma positiva por toda a indústria e pelos consumidores. Acreditamos que a chegada de novas empresas será interessante por oferecer novas alternativas ao mercado. As montadoras que produzem atualmente no Brasil estão preparadas para a concorrência. E sabem da necessidade de contínua atualização tecnológica e de sua linha de produtos.

O Mecânico: Cabem mais carros no Brasil? O transito não está caótico demais para continuar produzindo sem tirar de circulação os veículos mais antigos? Existe algum programa em relação a essa situação?
Luiz Moan: As grandes cidades brasileiras já possuem um número de habitantes por veículo relativamente baixo, mas quando se observa as demais, esta relação ainda é alta. Apenas como comparação, em 2011 o Brasil possuía 5,7 habitantes por veículo enquanto que nos Estados Unidos esta relação era de 1,2 e na Argentina de 3,7. Isso mostra que ainda há potencial para crescimento no País. Em paralelo a isso, claro, é importante o desenvolvimento de uma política de renovação de frota e de logística reversa para retirar de circulação os veículos mais antigos. Só como exemplo, a idade média da frota dos caminhões é de 17,9 anos e o ideal é entre 8 a 10 anos.

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