Fixado nos detalhes

Qualidade é essencial para parafusos e porcas de rodas, componentes que evoluíram junto com outros itens da indústria automotiva e por isso exigem atenção na hora da compra, da aplicação e do aperto.

Carolina Vilanova

O cliente entra em sua oficina com a intenção de colocar um conjunto de rodas diferente em seu carro, um serviço que aparentemente não exige técnicas especiais mas que na verdade cabe ao aplicador tomar os cuidados para não transformar o novo visual do veículo num grande desastre se na hora da troca não colocar fixadores de qualidade.

É obrigação do profissional se preocupar com detalhes importantes como a qualidade e aplicação correta das porcas e parafusos que prendem as rodas no automóvel. “Esses componentes evoluíram com a indústria automotiva e é fundamental que os aplicadores estejam atualizados em relação à isso, afinal uma aplicação incorreta pode colocar a segurança dos passageiros do carro em risco”, explica Hans Rudolf Kittler, diretor presidente da Rodafuso.

De acordo com Kittler, parafusos, prisioneiros e porcas de rodas são desenvolvidos especificamente para cada montadora e, na maioria das vezes, têm desenho único para cada veículo. “Os componentes são fabricados em aço liga, forjados a frio, tratados termicamente, depois passam por outros processos físicos e químicos que conferem a durabilidade, a qualidade e a garantia, além disso as dimensões precisam seguir, obrigatoriamente, os padrões nacionais e internacionais (normas ISO, DIM, SAE e UNI). O acabamento pode ser cromado ou epoxi, devem ter resistência mecânica e contra corrosão”, explica.

Parafusos de rodas têm assentamentos diferentes – cônicos, abaulados, e cônico oscilante – para se adequar às rodas conforme a furação do cubo, o comprimento do parafuso, a bitola e o tipo de rosca que apresentam. Para saber a altura de um parafuso, meça, com um paquímetro ou régua, a distância do fim da rosca até a parte cônica do assentamento.

As porcas também são fabricadas com medidas distintas, acabamentos e tratamentos iguais aos dos parafusos. Alguns exemplos de formatos são: sextavada plana, sextavada cônica, sextavada dupla cônica, com flange e com anel oscilante. Porcas com travas e anéis de nylon, utilizadas para oferecer mais segurança em locais de alta vibração, devem ser substituídas sempre que forem retiradas, pois o anel é danificado ao sacar o parafuso.

Trocando as rodas

Na hora de comprar parafusos e porcas de rodas, principalmente se os componentes originais estiverem sendo substituídos pelos de liga-leve, é importante que o técnico saiba escolher corretamente. “Verifique se a identificação do produto e suas especificações estão registradas na embalagem. Esse procedimento facilita o rastreamento das peças em caso de problemas e é uma garantia de qualidade para o cliente”, explica Cesar Nagashima, gerente de vendas da Rodafuso.

A recomendação da Rodafuso é aplicar arruelas, porcas, parafusos, retentores, guarnições, peças de borracha e conexões de boa procedência e evitar os mais baratos. “Uma roda de liga-leve pode ser danificada pelo uso de parafusos de má qualidade. Os parafusos originais dos veículos, na maioria dos casos, não servem pois a espessura da roda de alumínio é maior e precisa de parafusos mais longos”, completa.

Outros destaques ao fixar a roda são o tipo de fixador – parafuso ou porca -, as dimensões fornecidas pelo fabricante do veículo, e as medidas das chaves de roda e da furação. Mais uma dica é trocar as peças identificadas com meia-vida, analisando-as visualmente. As medidas das chaves de rodas, passo das roscas e altura dos encaixes (chanfro) devem ser respeitadas.

“Não misture parafusos e porcas com outros de diferentes características, inspecione os pesos, pois desigualdades podem desbalancear as rodas. Peças de qualidade duvidosa causam fadigas prematuras”, explica.

Não solde as cabeças dos prisioneiros e parafusos e utilize sempre peças genuínas e de boa procedência. Em caso de dúvidas pergunte aos fabricantes pelo SAC (Serviços de Atendimento ao Cliente)

Ao fixar a roda:

o Utilize a chave de rodas correta ou o soquete certo na máquina de impacto. Centralize o parafuso na roda primeiro, somente depois utilize a máquina na pressão certa.

o Verifique se os cubos estão limpos, isentos de ferrugem, excesso de pintura, areia e outras impurezas. Às vezes é necessário usar uma escova de aço para remover acúmulos grandes de detritos.

o Parafusos e porcas espanados ou amassados devem ser substituídos.

o Segure o peso da roda e encaixe os parafusos ou as porcas, apertando levemente cada um, até centralizar a roda no cubo.

o As roscas devem ser posicionadas com o lado do chanfro voltado para o cubo de rodas.

o O torque correto deve ser respeitado, para isso verifique o manual do veículo ou a tabela do fabricante de rodas. Aperte com a mão cada componente, ajustando-os na sequencia apropriada, com um média de 20 a 25% do torque final.

o Não use canos ou extensões para aperto.

o Use sempre o torquímetro aferido se possível.

o Nunca deixe o veículo faltando um parafuso ou uma porca.

Possíveis problemas

Quebra: pode ser causada por componentes fabricados com material inadequado sem tratamento químico e por roscas danificadas.

Ferrugem: tratamento químico inadequado ou cromado incorretamente.

Acabamento do chanfro: o ângulo do chanfro, conforme o desenho do parafuso ou da porca não proporciona apoio adequado na roda.

Rosca danificada: causada devido a parafusos de medidas diferentes encaixados nas furações e colocados em posição incorreta.

Parafuso inadequado: nesse o caso o sextavado é muito curto e não proporciona bom encaixe aperto na chave, danificando o parafuso.

Porca meia-vida: deve ser substituída.

Prisioneiro usado ou danificado.

Prisioneiro: é importante utilizar a chave correta e colocar a porca na posição com o chanfrado para dentro.