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Dia da Mulher: Entre esmaltes e graxas

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No mês “delas”, conheça histórias de superação e sucesso de mulheres vencedoras do ramo automotivo

 

icone_texto_p F. Tavares
icone_fotos_p Divulgação

 

Não é de hoje que sabemos o quão grande é o poder feminino e, também, já se foi o tempo onde oficinas, empresas automotivas e indústrias do ramo eram exclusividade do sexo masculino. Em comemoração ao Mês Internacional da Mulher, nesta edição da Revista O Mecânico, resolvemos prestar uma homenagem àquelas que estão conquistando cada vez mais seu espaço.

 

As mulheres são detalhistas e caprichosas, além do carinho e da sensibilidade com as pessoas, o que as tornam grande gestoras de equipes. Esse “lado feminino” tem sido tão valorizado que algumas companhias passaram a dar preferência à contratação e criação de departamentos apenas com mulheres, inclusive, em grandes linhas de produção, onde o tato e o cuidado delas é extremamente valorizado.
Tudo isso fez com que as mulheres saíssem de cargos específicos para assumir postos em todos os elos do setor automotivo, desde o reparo do carro e balcão de peças até a gerência de grandes empresas do ramo, superando as barreiras criadas em um mercado que sempre foi dominado por homens.

 

As histórias de superação, principalmente com relação à distinção de gêneros, são várias. Sara Stratico Jardim e Eliana Kerges de Menezes, proprietárias da Auto Peças Aliança, em Piracicaba/SP, chegaram ao ponto até de enfrentar a recusa de atendimento por parte dos clientes que não queriam ser orientados por vendedoras do sexo feminino. “Ainda existe um ou outro cliente novo que se assusta ao entrar na loja e se depara com um grande número de mulheres para atendê-lo, pedindo de imediato que ele seja ser atendido por um homem. Pensamos que ainda existem muitas pessoas que consideram a mulher o ‘sexo frágil’, achando que ela não será capaz de assumir algumas responsabilidades”, explica Sara.

 

Para Simone de Azevedo, diretora Comercial da Mobensani, o machismo e o preconceito ainda imperam por vários motivos. “Sofri preconceito duplo, por ser mulher e ‘filha do dono’, mas rapidamente compreendi o mecanismo e percebi que a resposta não poderia e não seria com discurso, satisfações e mágoas”. Mas como toda mulher de sucesso, a executiva não se abateu e dá um belo exemplo do que todo profissional, independente de sexo, deve fazer para se destacar no mercado de trabalho. “A melhor da resposta veio com trabalho sério e muito foco, com estes componentes o sucesso, admiração, respeito e o reconhecimento do mercado masculino e feminino foram consequência”, comenta.

 

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Sara Jardim e equipe da Auto Peças Aliança: “A principal razão do nosso sucesso é fazer tudo com amor”

 

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Simone de Azevedo: “Nós mulheres, em todas as fases da vida, não sabemos nunca a força que temos”

 

Apesar de todas as dificuldades, elas não se abalam com as comparações. Ao contrário, se acham, e têm esse direito, até melhores que os homens em diversos pontos, principalmente quando o assunto é realizar várias tarefas ao mesmo tempo, como afirma Sabrina Carbone, gerente de Marketing da Affinia Automotiva. “Quando as mulheres foram ao mercado de trabalho, tiveram de desenvolver suas capacidades multitarefas, com turnos em casa e no trabalho, e isso também contribuiu para conseguirem fortalecer ainda mais suas capacidades de fazer várias coisas ao mesmo tempo”, conta Sabrina.

 

E pode esquecer esse papo de “fragilidade”: a mulher pode ser tão forte quanto o homem e, se tiver foco no profissionalismo, supera qualquer adversidade. É o caso de Simone Minhoto Queiroz de Araujo, supervisora de Marketing da Tecfil. Atuando no ramo automotivo há cerca de 7 anos, ela se apaixonou pelo segmento justamente pelo dinamismo e agressividade. “Mulheres são detalhistas, sensíveis e atenciosas. Nos preocupamos com coisas que passam despercebidas pelo sexo masculino. Mulheres possuem também muita energia e comprometimento. De frágil não temos nada”, declara Simone.

 

Da escola ao volante

 

A insistência e perseverança estão presentes na vida e na carreira de todas essas guerreiras, que não desistem, passam por cima de diversas barreiras, conquistam, e continuam conquistando seus objetivos. A jornalista Majô Gonçalves, assessora de contas da Verso Assessoria de Imprensa, é responsável pela assessoria de diversas entidades e empresas do setor automotivo. Ela afirma que conquistou seu espaço com muito trabalho, aprendendo a lidar com diversas situações adversas.

 

“Isso me dá muito prazer, pois o trabalho é muito dinâmico e enriquecedor em termos de conhecimento. A cada entrevista com empresários do setor e reparadores, por exemplo, posso conhecer a história de pessoas que batalharam e superaram obstáculos para concretizar seus sonhos de ter o próprio negócio”, diz Majô.

 

Uma dessas boas histórias de batalha é a de Sandra Helena Nalli, mecânica e fundadora da Escola do Mecânico, conta que quando começou sua carreira, no início dos anos 1990, era raro ver mulheres trabalhando em oficinas. Nem por isso ela desistiu: venceu as barreiras com muita dedicação, estudo e gentileza com as pessoas que demonstravam preconceito.

 

“Penso que todo preconceito que existe é único e exclusivamente consequência de uma cultura difundida a milhares de gerações, então, a culpa não é das pessoas que o tem e, sim, porque o modelo cultural só permite que essas pessoas tenham uma visão míope da situação. Então a nossa incumbência é mostrar que é possível mudar a cultura, através do conhecimento, competência e gentileza”, conta Sandra.

 

Sandra é um exemplo de persistência. Aos 22 anos, era vendedora de um centro automotivo quando surgiu uma vaga de Líder Técnico, que era considerado o mecânico chefe da oficina. Imediatamente, ela quis assumir a vaga, deixando seu supervisor receoso por conta de sua idade e sexo. Apesar disso, a chance foi dada. “Foi um período difícil, tive que driblar o preconceito de alguns clientes e conquistar o respeito da equipe de mecânicos, precisei me especializar, fiz diversos cursos e passei a atuar diretamente na oficina, com a mão na massa”, conta.

 

Outro exemplo é Michelle de Jesus, que apresenta o programa Oficina Motor, no canal Globosat, e pilota um caminhão na Fórmula Truck. Michelle tem o automobilismo na veia. Ela começou a trabalhar na oficina do pai e atuou por 15 anos no segmento. Apesar de ter cursado Direito, Michelle não virou advogada: seu sonho mesmo era sair da arquibancada do autódromo e assumir o cockpit.

 

A piloto não se intimida com os homens. Para ela, dentro do capacete, homens e mulheres ficam todos iguais. Michelle acredita que o preconceito é relativo, mas é categórica ao dizer que os homens ficam ainda mais competitivos quando tem uma mulher na pista. “Normalmente, as pessoas não gostam de perder para um carro rosa, ou coisa do tipo. Então, alguns homens têm esse tipo de relação. Ele vai pro tudo ou nada para não perder pra uma mulher. Eles jogam mais pesado com a gente”, revela Michelle.

 

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Sabrina Carbone: “Quem se dedica, observa e aprende constantemente, tem mais chances de chegar lá”

 

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Simone Minhoto Queiroz: “Uma criatura tão simples e complexa ao mesmo tempo, merece ter um dia dedicado a elas”

 

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Majô Gonçalves: “A trajetória é composta por tudo o que fazemos e as escolhas que tomamos todos os dias”

 

Mulheres sendo mulheres

 

Superar o preconceito é apenas o começo para elas que, além de enfrentarem o duro dia a dia do mercado de trabalho, ainda precisam arrumar tempo para serem simplesmente mulheres. E muito se engana quem pensa que elas não conseguem, ao contrário. A capacidade feminina vai além dos escritórios, oficinas ou cockpits. Elas são capazes de exercer diversas tarefas sem perder a classe e muito menos a feminilidade. Sara e Eliana, da Auto Peças Aliança, resumem muito bem esse ponto: “Não há nada que nos impeça de trabalhar com uma bela maquiagem e um maravilhoso sorriso no rosto”.

 

O bom é que o mercado percebeu essa “nova” mulher e está se adequando. Simone de Azevedo, da Mobensani, sabe aproveitar essas vantagens, sem perder o foco na rotina de sua carreira profissional. “Meu lado feminino é meu poder e ele não tem um lado: ele sou eu por inteira, sou eu, feminina e ponto. Para a sorte da minha dermatologista, cabelereira, etc, e azar da minha conta corrente, sou muito vaidosa, um pouco mais que devia”, detalha Simone. “Já me disseram que, para ser mulher como eu, é preciso antes de tudo ser ‘muito homem’. Acho que eles querem dizer que é preciso ser forte, corajosa, destemida. Então provavelmente sou muito mulher, não é?”, afirma a orgulhosa diretora Comercial.

 

Ainda há muito o que mudar, os salários das mulheres ainda não são iguais aos dos homens, assim como os direitos e os deveres. Mas há um consenso entre os dois sexos: no ramo automobilístico, elas estão chegando onde ninguém imaginou. E ainda irão mais longe, sem deixar de lado toda a sensibilidade, intuição, maturidade e beleza que somente as mulheres possuem e representam muito bem.

 

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Sandra Helena Nalli:

 

“Tudo está disponível para todos em proporções exatamente iguais”

 

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Michelle de Jesus: “As pessoas não gostam de perder para um carro rosa”

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