Por: Fernando Landulfo
Durante muitos anos, a profissão de mecânico foi deixada meio que a margem da sociedade. Sim, havia preconceito e rotulação! A mecânica de automóveis era uma “ocupação” (e não profissão) destinada a aqueles que, por qualquer que fosse o motivo, não se dedicaram aos estudos com mais afinco.
O mecânico era um cidadão associado a sujeira (daí o apelido “bolinho de graxa”), embriagues, machismo excessivo (pôsteres de mulheres nuas espalhados pelas paredes das oficinas) e, infelizmente, desonestidade.
Daí surge uma importante pergunta: por que isso acontecia? Será que a sociedade da época (até os anos 80) era tão preconceituosa e hipócrita assim? Bem, a resposta não é tão simples.
Em primeiro lugar, preciso deixar bem claro que: sim, uma considerável parte da sociedade daquela época era preconceituosa e hipócrita. Por mais bem sucedido que o mecânico fosse, ele continuava, aos olhos de muita gente, um mecânico. E isso doía na alma desses profissionais.
Como os treinamentos de fabricantes eram de difícil acesso e caros. Entrar no SENAI era muito difícil. Assim, a praxe era “aprender fazendo” com os mais velhos e experientes e, “de quebra”, ganhar um salariozinho para ajudar em casa. E isso perdurou por muitos anos.
MAS O TEMPO PASSOU AS COISAS MUDARAM. NÃO FOI?
Os veículos evoluíram tecnologicamente. A eletrônica embarcada fez com que o mecânico fosse obrigado a aprender sobre elétrica e eletrônica veicular. Mas antes ele precisava aprender sobre eletricidade. Algo que ele abominava. Mas não teve jeito. O único lugar onde se aprende isso é na escola.
Não importa se de forma presencial ou a distância. O mecânico teve que estudar. E estudar muito, por que os manuais e os equipamentos que atendem os veículos importados são todos em outros idiomas. E quanto mais ele estudava assuntos da sua profissão, mais coisas ele aprendia da cultura geral.
Muitos retomaram os estudos e se formaram tecnólogos ou engenheiros mecânicos. Afinal de contas, nada melhor para entender os defeitos de um veículo do que saber como ele é projetado e fabricado.
O mecânico também mandou seus filhos para a escola e para a faculdade. Sim, mesmo que eles quisessem assumir o negócio da família o mecânico entendeu que formação é imprescindível
para a sobrevivência da empresa.
Hoje temos uma nova sociedade, um pouco mais evoluída. Mas não se iludam, preconceito ainda existe. Ele só está focado em outros alvos.
O mecânico é visto com outros olhos? Claro que sim! A sociedade apendeu “na marra” que precisa muito dele. E não é para menos: devido à sua grande complexidade técnica, hoje não é mais possível consertar o carro em casa. É preciso levá-lo a um técnico. Um técnico extremamente qualificado.
Sim, nos dias de hoje, esse profissional de mecânico só tem o nome. Além disso, ele é um empresário. Sim, com muito orgulho. Como os grandes “magnatas”. Bolinho de graxa nunca mais!
PARABÉNS PELO SEU DIA, “GUERREIRO DAS OFICINAS”!
Nós atualmente temos que sacrificar muito para acompanhá tantas tecnologias. Más amo minha linda profissão.