Ford Ka Trail tem conjunto de suspensão revisto para se posicionar como aventureiro urbano
Por: Fernando Naccari
Com os utilitários esportivos em alta no mercado, muitos querem usufruir de suas vantagens, como suspensão elevada e posição de dirigir mais alta, mas por um valor mais acessível. Para atender a essa demanda, as fabricantes disponibilizam versões “aventureiras” de seus veículos de entrada, com alterações no sistema de suspensão e, em alguns casos, nos pneus.
O compacto fabricado em Camaçari/BA passou por estas mudanças e recebeu algumas modificações em relação ao Ka convencional, como barra estabilizadora dianteira maior; eixo traseiro mais rígido; coxins do motor com amortecimento hidráulico; amortecedores maiores com mais carga e recalibração dos freios ABS e direção com assistência elétrica. Os pneus também são outros: Pirelli Scorpion ATR 185/65 R15 de uso misto. Com a nova suspensão, o Ka cresceu em 31 mm relação ao solo.
REPAGINADO NO VISUAL
O Ka Trail traz também diferenças visuais, com faixas esportivas nas laterais e traseira, rack decorativo no teto, molduras nas caixas de rodas, faróis de neblina, maçanetas e retrovisores na cor cinza Londres, apliques nos para-choques e lanternas traseiras fumê. Por dentro, os bancos tem acabamento em couro sintético e tecido, os pedais trazem detalhes em alumínio e as soleiras e tapetes são personalizados com o nome da versão.
MOTORES
O Ka Trail é comercializado em duas motorizações diferentes. A mais barata vem com um 1.0 de três cilindros Ti-VCT Flex e potência de 80 cv (G)/ 85 cv (E) de 6.300 até 6.500 rpm e torque de 10,2 kgfm a 3.500 rpm (G)/ 10,7 kgfm a 4.500 rpm (E). O compacto pode ser comprado também com motor 1.5 Sigma Flex com potência de 110 cv (E)/105 cv (G) a 5.500 rpm e torque de 14,9 kgfm (E)/14,6 kgfm (G) a 4.250 rpm.
ITENS DE SÉRIE
Destacam-se ar-condicionado analógico, direção com assistência elétrica, travas elétricas, vidros elétricos dianteiros, abertura elétrica do porta-malas e direção com ajuste de altura. Acrescenta-se a lista som MyConnection com comando de voz e Bluetooth, compartimento para o celular no painel MyFord Dock, banco traseiro bipartido (60/40), cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça para os cinco ocupantes.
NA OFICINA
A reportagem da Revista O Mecânico esteve na Doctor American Car, no bairro da Vila Guilherme, São Paulo/SP, comandada pelo mecânico e proprietário Sandro dos Santos. Ele avaliou as condições de diagnóstico e reparo oferecidas no Ford Ka Trail 1.0.
No motor de três cilindros, o comando de válvulas é duplo no cabeçote e utiliza correia embebida em óleo no sincronismo. De acordo com Sandro, a substituição das correias, incluindo, a de acessórios, é bastante simples. “O espaço entre o motor e a longarina é bastante amplo, tem quase 20 cm”, explica.
Sandro acrescenta que, devido ao motor de três cilindros ser bastante compacto, há outras vantagens na hora da manutenção. “Para fazer a troca de velas, bobinas e até bicos injetores, não leva 20 minutos, é muito fácil. O filtro de óleo está numa área atrás do motor e não é preciso sequer levantar o carro para retirá-lo. Se preciso, somente com a chave de filtro você já consegue removê-lo”, explica.
Mas Sandro ressalta que há alguns componentes que podem dar um pouco mais de trabalho na oficina. “O mais complicado aqui seria trocar a bomba d’água, pois é necessário remover o coxin frontal do motor”.
O Ka Trail é equipado com câmbio manual de cinco marchas e embreagem monodisco a seco. O sistema de acionamento é via cabo e, de acordo com Sandro, também apresenta reparo simples. “Para remover o câmbio não tem segredo. Basta afastar o quadro de suspensão e baixar o conjunto para a troca da embreagem, por exemplo. É bastante simples”, explica.
No sistema em que há o maior número de modificações do veículo, Sandro ressalta que as mudanças não tornaram a manutenção mais difícil. “Fora a suspensão mais alta, não muda nada para o outro carro. Os amortecedores são fáceis de trocar”.
MOLAS E AMORTECEDORES COM CALIBRAÇÃO ESPECÍFICA
A barra estabilizadora, por sua vez, tem uma característica de construção que a torna um ponto de atenção. “A barra fica na parte superior, ao contrário do que ocorre em alguns carros, que ficam por baixo do eixo. Nas fixações superiores, é comum ouvir rangidos quando a bucha está desgastada, pois é ela quem “sente” todo o impacto do solo. É comum confundir este ruído com o de coxins dos amortecedores desgastados. É bom ficar atento”, explica Sandro.
O sistema de freios é do tipo convencional, hidráulico, com discos ventilados na dianteira e tambor na traseira. Além disso, é dotado de ABS e distribuição eletrônica de frenagem EBD. Sandro comenta que, caso seja necessário acessar os sensores do ABS, não haverá dificuldades. “Os sensores ficam localizados em um bom local e são fixados por engate rápido e um único parafuso. É bem tranquilo removê-los. O módulo do ABS também entra neste pacote de facilidades”.
Com arquitetura eletrônica bastante simples, o profissional não sofrerá na oficina nas manutenções corriqueiras. “Os sensores, em sua maioria, ficam na parte superior do motor e, para retirá-los, a dificuldade é zero. Não há como reclamar neste aspecto, pois a Ford facilitou tudo para nós, mecânicos”, finaliza Sandro.
Ficha técnica
FORD KA TRAIL 1.0 |
Motor Posição: Dianteiro transversal, Gasolina/Etanol Número de cilindros: 3 em linha Número de válvulas: 12V Taxa de compressão: 12,01:1 Injeção de combustível: Injeção eletrônica multiponto Potência: 85 cv (A) a 6500 rpm / 80 cv (G) a 6500 rpm Torque: 10,7 kgfm (A) a 3500 rpm / 10,2 kgfm (G) a 3500 rpmCâmbio Manual de cinco marchas Freios
Suspensões
Rodas e Pneu
Dimensões
Capacidades |