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Artigo – “Antigomobilismo”: um bom negócio para quem está preparado

“Antigomobilismo”: um bom negócio para quem está preparado

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Texto: Fernando Landulfo
Fotos: Arquivo FL

 

Já faz algum tempo que certos canais de televisão por assinatura têm exibido programas do tipo reality show a respeito da restauração, avaliação e comercialização de veículos clássicos. Sim, nos Estados Unidos os chamados “carros clássicos”, há muito tempo, movimentam um mercado de milhões de dólares. Mesmo durante a crise que abalou o país recentemente, o mercado se manteve relativamente aquecido.

 

E a razão é bastante simples: colecionar carros antigos é uma atividade típica de uma fatia da sociedade que raramente é atingida pelas crises. Essas pessoas que, quando colecionam, possuem grandes acervos, recheados de peças raras e valiosas, são as mesmas que engrossam as estatísticas de vendas de veículos novos de marcas como a Ferrari, Mercedes Benz, Audi, BMW etc. Durante as grandes crises eles até podem ficar um pouco menos ricos, mas não o suficiente para abrir mão de certos “mimos”.

 

É o chamado mercado do Luxo ou mercado Premium. Gastar mais de cem mil dólares em um leilão, ou em uma oficina especializada em restaurações, para poder ter em sua garagem um modelo considerado colecionável em perfeitas condições? Sem problemas!

 

Também existem os pequenos colecionadores: pessoas da classe média ou alta, que investem o que podem – e às vezes o que não podem – para conservar um veículo que pertenceu a um antepassado, ou alguns exemplares de modelos que marcaram a sua juventude.

 

O colecionador é uma pessoa exigente e, por vezes, bastante vaidoso. É preciso cuidado ao lidar com ele. Na sua maioria, são pessoas instruídas, que conhecem os seus veículos a fundo, tanto historicamente como tecnicamente. Costumam fazer parte de clubes e associações que lhes suprem com informações, manuais e prospectos. Alguns contam com especialistas, contratados especialmente para esse fim. Os seus carros, via de regra em perfeitas condições de uso, são verdadeiros tesouros. E assim devem ser tratados: com muito carinho e respeito.

 

Quando pode, o colecionador gasta. E gasta sem dó. Mas em troca, não aceita nada menos do que a perfeição, pois é essa palavra (perfeito) que ele quer ouvir nos encontros, concursos e leilões. Ter o veículo resgatado por um caminhão plataforma, durante um passeio (evento), é uma vergonha que nenhum colecionador quer passar de modo algum. Embora a enfrente com muita classe e dignidade.

 

Sim, eles existem aqui no Brasil. E são muitos! Basta verificar a quantidade de clubes existentes e a quantidade de veículos que frequentam os eventos especializados. As pequenas e médias coleções são a grande maioria. E trabalhar para eles pode ser um excelente negócio. Pode dar muito dinheiro. Mas é preciso estar preparado.

 

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Eis algumas dicas

 

1. Nunca julgue um carro pelo seu estado de conservação. A “colecionabilidade” de um veículo está atrelada a vários fatores (numero de unidades fabricadas, versão, acessórios originais disponíveis etc). O fato de um carro ainda não ter sido restaurado não significa que ele é um “cacareco velho”. Cuidado! Um veículo não restaurado, mas completo em todos os detalhes (sem peças e acessórios originais faltantes), pode ser mais valioso do que um restaurado e descaracterizado.

 

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2. “Carro velho” é uma expressão considerada pejorativa e ofensiva. Nunca a utilize. São mais apropriados os termos “Antigo”, “Veterano” e “Clássico”

 

3. O dinheiro vindo de um “Veterano” é tão bom quanto o vindo de um modelo recente. Não dê preferência aos mais novos só porque são mais novos. Não abandone o serviço no antigo em favor de um novo. Isso pega muito mal.

 

4. Adaptação é outra palavra proibida nesse mundo. “Reparo alternativo”: sim, essa é a expressão correta. Mas só deve ser oferecido quando o colecionador dá claramente a entender: ou que não tem recursos, no momento, para o procedimento adequado, ou a(s) peça(s) vão demorar a chegar. Mas lembre-se que o reparo alternativo deve ser 100% reversível.

 

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5. Tente se especializar em uma determinada marca de veículo. Especialistas em tudo são vistos com desconfiança.

 

6. Monte uma biblioteca técnica completa sobre a marca ou modelo escolhido, contendo todos os manuais de serviço, boletins técnicos e catálogos de peças. Eles podem ser encontrados nos sites de vendas da Internet.

 

7. Aprenda tudo o que puder sobre os procedimentos de reparo do veículo. Não invente. Se não souber como fazer, pesquise. Tenha certeza do que vai fazer antes de encostar uma ferramenta no veículo. Se for preciso, contrate um profissional de concessionaria aposentado experiente na marca.

 

8. Não sabe fazer? Procure quem saiba e terceirize. Mas conte ao colecionador.

 

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9. Adquira todas as ferramentas especiais do veículo. Muitos fabricantes como a Raven produzem muitos itens para Veteranos. Os concessionários costumam se livrar das ferramentas especiais após alguns anos do veículo sair de linha. Nos sites de vendas, pode se encontrar muita coisa. Equipamentos de regulagem e teste de motores, alternadores e distribuidores, também são muito bem-vindos.

 

10. Faça uma lista de fornecedores de peças de reposição: novas, usadas, genuínas, originais e paralelas. Seja no Brasil ou no exterior. “Não tem” ou “não achei” são expressões mal vistas. Só as utilize se tiver 100 % de certeza. Peça ajuda ao dono do veículo caso isso ocorra.

 

11. Você pode cobrar pelo seu tempo e dedicação, mas, em troca, tem de mostrar serviço. Teste o carro antes de entregar. Reincidência de defeitos são uma péssima imagem.

 

12. Sim, proteja todo o interior, a pintura, as etiquetas e os detalhes do veículo durante os reparos. Muitos acabamentos são insubstituíveis. E, sem eles, o valor do veículo cai muito.

 

13. Danificou algo acidentalmente? Confesse e peça ajuda para repor ou reparar. Não esconda nada. Nesse negócio, a confiança é tudo. E mentira tem perna curta.

 

14. Se for preciso fazer socorro, faça. Sim, pode cobrar. Mas não deixe o colecionador na mão. Ele conta com você.

 

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15. Vai restaurar? Cuidado! Restaurar é diferente de reformar. Restaurar é o processo onde o veículo retorna ao seu estado de novo, como na época em que foi fabricado. Ou seja, um processo que exige muito estudo prévio do veículo e, se possível, a obtenção da sua ficha de montagem junto ao fabricante. Cor, tipo de tinta utilizado, acessórios, tipo de acabamento interno, número de motor, e outros inúmeros detalhes devem ser levados em consideração. Examinar outros carros similares considerados originais é importante para não cometer erros durante a montagem. Se a peça genuína não existe mais, ela deve ser reproduzida. Uma cópia perfeita. E tudo avalizado pelo colecionador.

 

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16. Seja paciente. O colecionador tem você como um guru, o salvador da pátria. Mas ele é ligado nos detalhes.

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