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Lubrificação: Dentro das veias do motor

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Trocar regularmente o óleo é o primeiro passo para garantir a saúde do motor do veículo; especialistas do setor de lubrificantes respondem por que esse elemento é tão importante para o motor

 

Fernando Lalli
Isabelly Otaviano

 

Estar sempre em dia com a troca do óleo é vital para o motor. Utilizar o óleo correto é tão ou mais importante do que abastecer o veículo com combustível de boa procedência. O lubrificante corre pelas galerias e entra pelas folgas para evitar o atrito das peças internas, que se movimentam a milhares de rotações por minuto.

 

Entre as múltiplas funções do óleo lubrificante dentro do motor, além de reduzir a fricção e o desgaste, estão: ajudar a diminuir o ruído do motor amortecendo os esforços entre as peças móveis, fazer a vedação hidráulica entre pistão e cilindro, reduzir as temperaturas de serviço e fazer o papel de fluido hidráulico em tuchos hidráulicos e comando variável de válvulas. “Nesse processo, os componentes do óleo (o óleo básico e os aditivos) sofrem transformações químicas e físicas que fazem com que seja necessário trocar o lubrificante a cada ‘x’ quilômetros, horas ou meses”, explica o engenheiro de aplicação da Motul, Nicolas Demaria. Mesmo assim, muitos proprietários de veículos e mesmo alguns mecânicos não dão a devida importância àquele que é um dos procedimentos mais importantes para o funcionamento correto de todo o motor.

 

“A lubrificação correta e periódica aumentará o desempenho e a vida útil do motor do veículo, além de trazer economia em consertos indesejáveis e no consumo de combustível”, afirma Laura Furst, coordenadora de marketing da Mobil. Por sua vez, o gerente Técnico da Castrol, Haydeu Queiroz declara que, além de lubrificar, o óleo também limpa as suas superfícies internas, removendo e dispersando impurezas, como os resíduos de carvão gerados pela queima do combustível, entre outros. “Com isto, vai ocorrendo a saturação da carga de óleo, por estes resíduos, e daí a necessidade de sua troca, no intervalo predeterminado”, observa Haydeu.

 

A degradação do óleo dentro do motor acontece por diversos fatores. “Durante o funcionamento do motor, o óleo sofre contaminação de diversos elementos: combustível queimado, combustível não queimado, poeira, água etc, além da degradação do próprio óleo. Ou seja, com o uso vai perdendo suas características e eficiência”, afirma o engenheiro Antônio Alexandre Correia, consultor sênior da Gerência de Produtos e Fidelização da Rede de Postos da Petrobras Distribuidora.

 

O contato com essas impurezas, aliados ao oxigênio, metais de desgaste e temperaturas elevadas dentro do motor, facilitam o processo de oxidação do óleo. “Ao longo desse processo, são formados ácidos que podem agredir as superfícies metálicas do motor, criando corrosão ácida e, naturalmente, desgaste, principalmente em mancais e casquilhos”, ressalta o engenheiro de Aplicação de Lubrificantes da Shell, Daniel Menezes.

 

Esse processo de oxidação, que também é responsável pelo escurecimento e aumento da viscosidade do óleo, pode levar à formação de borra e aumento de desgaste, pois o lubrificante vai diminuindo sua habilidade de fluir pelo motor. “Mesmo para um veículo que circula pouco e, normalmente, não atinge o intervalo de troca por quilometragem, é importante a substituição do lubrificante, pois, mesmo parado dentro do motor, o óleo fica exposto à oxidação e formação de ácidos”, frisa Daniel.

 

Não complete: troque tudo

 

O período de troca sempre deve ser seguido de acordo com o estipulado pelo manual do fabricante do automóvel. “Falhar na troca de óleo no período correto pode trazer prejuízo ao motor, que pode travar (superaquecer), sendo necessário a substituição de peças e até retífica delas”, declara o engenheiro mecânico Arley Barbosa da Silva, do departamento técnico de Engenharia e Lubrificação da Bardahl.

 

Com os motores atuais, que cada vez mais têm tolerâncias e folgas menores, a utilização do lubrificante correto e sua troca periódica ganharam importância. “Os motores hoje são de alta rotação e todos, sem exceção, controlados por um computador. Hoje em dia, esses motores altamente sofisticados nada têm a ver com os motores produzidos até pouco tempo atrás, apenas três décadas. A troca de óleo passou a ser fator fundamental e vital”, reforça o Gerente de Marketing e Negócios da Texsa do Brasil, Hamid Mohtadi.

 

Mesmo se a vareta de óleo indicar que o nível de óleo está baixando ao limite mínimo, independentemente do período de troca, dê preferência à troca completa, a não ser em situações excepcionais. “O procedimento de completar o nível de óleo é recomendado somente em casos de emergência, quando não se tem o tempo necessário para a substituição completa do lubrificante”, declara Fabio Silva, consultor técnico da Total Lubrificantes do Brasil. Por outro lado, lembre-se que todo motor de combustão interna consome óleo, inclusive, esta informação é fornecida pelos próprios fabricantes de motores em seus manuais de proprietário.

 

“É recomendado sempre verificar o nível da vareta de óleo semanalmente”, aponta Hamid. “Entretanto, isto não quer dizer que devamos sempre estar apenas completando o óleo. Independente de termos completado esse nível, e mesmo que isto tenha sido feito apenas alguns dias atrás, se é chegada a hora da troca, devemos fazer a troca de óleo conforme indicado pelos fabricantes”, diz.

 

A observação dos períodos de troca fica mais crítica quando o carro é submetido ao uso essencialmente urbano. Ao contrário do que muitos pensam, o uso severo do veículo não é na estrada, mas sim em constantes trajetos curtos dentro da cidade. “Nestes casos, o motor mal chega a esquentar, já esfria novamente e o óleo fica submetido constantemente a situações de esforço extremo”, ressalta o especialista da Texsa do Brasil. Sob uso severo, o intervalo indicado entre as trocas deve ser cortado pela metade.

 

Sempre troque o filtro de óleo

 

Muitas das práticas do mercado de reparação automotiva vêm de tempos em que os carros, os produtos e a tecnologia eram diferentes, e hoje não fazem mais sentido. Uma delas é trocar o filtro apenas a cada duas trocas de óleo. Com a atual demanda dos motores, que trabalham com o lubrificante em temperaturas maiores e sob maior fluxo, manter um filtro velho com óleo novo vai prejudicar o motor. Economizar com o filtro agora pode significar danos ao motor e um maior custo de reparo para o cliente mais tarde.

 

Um filtro de óleo mantém em seu interior um volume entre 0,5 e 1 litro de óleo usado, como explica Antônio, da Petrobras Distribuidora. Quando não se substitui o filtro durante a troca, esse volume de óleo usado mantém-se no sistema, que irá se misturar ao lubrificante novo que será colocado, reduzindo sua eficiência. “Além disso, o filtro usado já estará impregnado com impurezas que foram filtradas durante a circulação do óleo usado, com isso a sua eficiência será inferior à de um filtro novo. Por isso, ao trocar o óleo, troque também o filtro”, crava Antônio.

 

Viscosidade e desempenho

A nomenclatura que define as características técnicas dos óleos de motor é uma verdadeira “sopa de letrinhas”: SAE, API, ACEA… É fácil se perder em tantos códigos. O básico é entender a classificação SAE (“Society of Automotive Engeneers”), que é a responsável pela padronização da classificação que indica a viscosidade do lubrificante.

 

Os valores de viscosidade determinam a resistência do óleo para se movimentar entre as peças do motor. A opção por usar um óleo mais fino ou mais espesso em cada motor é definida em função do projeto e características do motor, incluindo suas dimensões, folgas internas, rotações, pressão e variações de temperatura de trabalho. “Hoje recomenda-se lubrificantes com menor viscosidade para motores mais modernos, buscando contribuir para a geração de emissões mais limpas e menor consumo de combustível”, conta Haydeu, da Castrol.

 

Os números que geralmente estampam os rótulos dos óleos em maior tamanho estão relacionados à viscosidade do óleo de acordo com a classificação SAE. Utilizando o exemplo de um óleo SAE 10W40, o primeiro número acompanhado da letra W (“10W”) representa a viscosidade a frio, e o segundo número (“40”) representa a viscosidade na temperatura de trabalho do lubrificante dentro do motor.

 

“Quanto menor o valor, mais fino é o lubrificante, ficando mais viscoso conforme o número aumenta”, completa Laura Furst, da Mobil, comentando que, na prática, óleos mais finos alcançam mais rapidamente todas as partes do motor no momento da partida do veículo, quando o conjunto é mais exigido em termos de desgaste. Antônio Alexandre Correia explica que lubrificantes com viscosidades mais baixas possuem uma menor resistência ao escoamento, deixando o motor mais “solto”, ajudando a aumentar a potência dos mesmos e reduzir consumo. “Outra vantagem é que, por escoarem mais rapidamente, a troca de calor é maior, melhorando a refrigeração do motor”, comenta o consultor da Petrobras Distribuidora.

 

Daniel Menezes comenta que lubrificantes mais viscosos são empregados atualmente, por exemplo, em motores turbinados de alta potência, que operam em regimes de temperatura e cargas extremas. “Esses motores, por sua vez, utilizarão lubrificantes premium específicos”, aponta o engenheiro de aplicação da Shell. “Lubrificantes mais comuns, porém, também mais viscosos, são aplicados em veículos antigos ou em veículos com desgaste mais significativo, pois preenchem melhor as folgas existentes entre os componentes do motor, reduzindo assim o consumo de óleo”. No entanto, ele relembra que a recomendação do fabricante do veículo para um determinado motor deve ser seguida à risca: “a alteração de viscosidade pode comprometer o desempenho e eficiência do motor e, por essa razão, deve sempre ser respeitada a recomendação do fabricante do veículo”.

 

As demais especificações tratam do desempenho do óleo lubrificante propriamente dito. No caso da especificação API (americana), ela é composta por letras. Já a especificação ACEA (europeia) possui um sistema diferente, identificada por sequências de letras e números. Há também as homologações e classificações das fabricantes de veículos, que utilizam critérios particulares para aprovar lubrificantes para uso em seus veículos. “Independentemente se o fabricante utiliza as normas americanas ou as europeias, o recomendado é sempre seguir o manual do fabricante do veículo”, reforça Fabio Silva.

 

Mineral, sintético, semissintético

 

Ao escolher o óleo a ser comprado, mecânicos e consumidores finais se deparam com três tipos de lubrificante: mineral (obtido pelo processo de refino do petróleo), sintético (obtido através de síntese química) e semissintético (composto entre óleos minerais e sintéticos). “A principal diferença entre eles é a estabilidade perante os esforços térmicos e mecânicos”, conta Nicolas Demaria.

 

“Um óleo mineral é derivado do petróleo e, mesmo atravessando uma serie de processos de transformação complexos, a estrutura molecular deles não é ‘perfeita’”, diz Nicolas, esclarecendo de onde nasceu a necessidade de se desenvolver óleos sintéticos. “Há vários tipos de sintéticos, mas todos eles compartilham as mesmas vantagens: baixa volatilidade (menor consumo de óleo), melhor estabilidade física e química e melhores propriedades de fricção e melhor lubrificação”, enumera o especialista da Motul.

 

Para oferecer a melhor alternativa custo-benefício, surgiram os semi-sintéticos. Conforme a alta tecnologia dos motores foi se popularizando, atingir com bons preços às grandes massas de carros populares virou uma obrigação, que fez com que os fabricantes criaram distintas formulações formadas por misturas de óleo sintético e mineral. “Os óleos sintéticos e semissintéticos possuem maior durabilidade e resistência se comparados aos óleos minerais, porém, os óleos mais utilizados ainda hoje são os de base mineral, que desempenham um bom papel na lubrificação”, explica Arley Barbosa.

 

O engenheiro da Bardahl não recomenda as misturas entre óleos devido às suas diferentes viscosidades e desempenhos. Já Nicolas, da Motul, garante que os óleos são misturáveis “sempre que possuam níveis de performance similares”. Ele dá o exemplo de dois óleos: um mineral com classificação API SL com um sintético com a mesma API SL. Ou seja, para se misturarem sem prejuízo, óleos lubrificantes devem atender exatamente às mesmas classificações de desempenho. Portanto, se for necessário completar o nível e você não souber exatamente qual é o óleo que está lá dentro do motor, é melhor evitar a mistura.

 

Qualidade e especificação: fique atento

Na hora da troca, é importante consultar se o indicado é um óleo de base sintética, semissintética ou mineral; a viscosidade SAE recomendada e o nível de desempenho (API/ACEA) requerido. Utilizar um lubrificante de especificação inadequada ou de má qualidade pode trazer consequências sérias ao motor e que dificilmente podem ser previstas antes que seus sintomas apareçam em estado avançado.

 

“Ao utilizar um óleo de baixa qualidade, no longo prazo o motor pode apresentar falhas relacionadas à criação de verniz, borra ou, em casos mais extremos, o seu travamento. As consequências não são a curto, mas no longo prazo, sempre”, avisa Fábio Silva. “Alteração de cor e viscosidade são muito difíceis para condenar um lubrificante, porque somente testes de laboratório conseguiriam mensurar se estas alterações poderiam condenar o lubrificante, exceto em alterações muito drásticas que, se perceptíveis pelo mecânico, deve ser feita uma avaliação mais criteriosa para verificar a causa do problema”, declara o consultor técnico da Total.

 

Ao colocar um óleo com a especificação errada, Arley Barbosa, detalha que, apesar de num primeiro momento o proprietário não conseguir perceber nenhuma alteração no funcionamento do motor, na verdade, internamente, as peças estarão sofrendo consequências graves por não serem totalmente protegidas do desgaste e não passarem pelo processo de limpeza, podendo haver falhas na circulação do lubrificante por todo o motor, entre outros.
“Os problemas serão inúmeros, pode ser desde um ruído por falha na lubrificação até a formação de borras que dificultam a circulação do lubrificante, o que pode levar a fundir o motor”, aponta o engenheiro da Bardahl. Por este motivo, o cliente e profissionais precisam ter em mente que a escolha correta do óleo, de acordo com a indicação do manual do veículo, é garantia de economia a longo prazo e evita o que seria um grave retrabalho no futuro.

 

Vamos mostrar na sequência de fotos o passo a passo adequado da troca de óleo utilizando um Corsa 1.4 2012 como exemplo. O procedimento foi executado pelo mecânico Weverton Pereira na Pneus&Cia, oficina da rede Castrol Auto Service na cidade de Barueri/SP.

 

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1) Remova a tampa de óleo do cabeçote do motor.

 

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2) Com o carro no elevador, remova o protetor de cárter. Neste caso, observe como o protetor está “melado” de óleo, denunciando vazamento em algum ponto do motor.

 

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3) Examine as regiões da junta do cabeçote, do cárter e do filtro de óleo para identificar de onde vêm o vazamento.

 

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4) Posicione corretamente o coletor de óleo sob o bujão do cárter. Utilizar um coletor adequado para a função facilita o descarte correto do óleo, que é obrigatório para as oficinas mecânicas.

 

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5) Solte o bujão do cárter e deixe o óleo escorrer por completo. Ao final, prenda o bujão novamente.

 

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6) Retire o filtro de óleo. A suspeita é de que o vazamento tenha vindo do mau aperto do filtro na troca anterior.

 

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7) Limpe bem a região do filtro de óleo, principalmente a área de contato da vedação do filtro, antes de instalar o filtro novo.

 

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8) Antes de instalar o filtro novo, passe um pouco do lubrificante na borracha para ajudar a vedação com o bloco do motor. Instale o filtro. Basta a força da mão, mas utilize uma lixa para auxiliar na pegada do aperto final.

 

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9) Com o bujão e o filtro presos, desça o carro para adicionar o lubrificante novo pela tampa de óleo do cabeçote. A oficina Pneus&Cia utiliza o sistema de tambores de 200 litros, que proporciona a adição do óleo no motor na quantidade exata, além de economizar embalagens plásticas e evita o desperdício daquele “meio litro” que sempre sobra na garrafa.

 

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10) Para o Corsa 1.4 2012, a Chevrolet recomenda 3,6 litros de lubrificante 10W30.

 

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11) No momento da manutenção preventiva, a Castrol reforça a importância da troca do filtro de ar dentro do período indicado pela fabricante do veículo, o que ajuda a evitar a entrada de impurezas no motor.

 

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Colaboração técnica: Oficina Pneus&Cia – Tel: (11) 4195-1481

3 comentários em “Lubrificação: Dentro das veias do motor

  1. Segundo a recomendação da montadora para veículos GM o lubrificante recomendado seria o SAE 05w30 sintético com Api Sn ou eu estou errado????

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