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De olho na limpeza técnica

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Acompanhe os procedimentos para se fazer a limpeza técnica em equipamentos, ferramentas convencionais e especiais (antes e depois do uso) e das próprias autopeças, preservando o item por mais tempo e garantindo mais qualidade no serviço

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Não é só usar uma ferramenta e colocar de volta no lugar, muito menos um aparelho mais sofisticado ou uma peça que será reparada. Para que esses itens estejam em bom estado de conservação para você mesmo ou seu colega usar uma outra vez, é preciso que se siga algumas orientações. São procedimentos de limpeza que também irão assegurar a durabilidade do componente e, consequentemente, garantir um serviço de qualidade para seu cliente.

Uma boa oficina, que sabe como reparar um veículo corretamente, treina seu pessoal para ter mais profissionalismo no serviço e conta com sistemas de gestão para administrar bem seu negócio. São três pilares básicos para o sucesso do empresário, certo? Mais ou menos. Existem outros detalhes que ele tem que se atentar, e um deles, que parece bem simples, mas muitas vezes é esquecido, é a limpeza técnica de ferramentas, equipamentos e autopeças.
Para falar um pouco sobre o assunto, pedimos a ajuda do coordenador de serviços do IQA (Instituto da Qualidade Automotiva), José Palacio, que, entre outras funções, visita diversas oficinas checando entre outros requisitos, se esses itens estão em ordem e prontos para serem usados. “É importante que a oficina tenha o cuidado de manter seus materiais de trabalho sempre em ordem, por conta da legislação e de questões com o meio ambiente, além de poder oferecer um serviço de mais qualidade”, diz.

Ele esclarece que para que se faça o reparo num componente, o técnico deve estar atento em algumas questões, como: que procedimentos de limpeza usar? É necessário lavar o conjunto antes de abrir, ou depois? Que material pode ser usado para limpar antes de iniciar o reparo? Eu sei limpar? O que fechar para não entrar água? Qual produto devo usar? “O simples processo de lavagem merece atenção do reparador. Esses cuidados são importantes para que se possa ter um trabalho bem feito, com qualidade e sem prejuízo, inclusive em outros componentes do sistema”.

Pontos como legislação e meio ambiente também estão na mira, para que não comprometa a empresa por trabalhar fora do padrão, que é passível de autuação. É incorreto uma oficina lavar peças com gasolina ou outro solvente, muito menos fazer isso na calçada. Perante a legislação e as questões de preservação do meio ambiente, está totalmente errado. “Isso causa um prejuízo para a empresa muito grande e quando o cliente vê isso, acha que levou o carro num lugar inapropriado, ele pensa: se faz isso nas peças, o que ela fará com meu carro?”, observa Palacio. Não se deve esquecer também que o descarte de material deve estar de acordo com a resolução Conama para descarte do produto ou com outras normas vigentes.

Verificar procedimentos específicos para limpeza técnica, sabendo que conhecer a peça é fundamental, assim como levar em conta as especificações do fabricante. Saber se pode emergir no produto de limpeza ou só fazer a limpeza externa, se pode usar ar comprimido, são informações que o técnico deve saber. “Geralmente, um funcionário que está começando na oficina tem como função lavar peças. Por isso, uma recomendação é orientar essa pessoa dos procedimentos corretos de como fazer, dar treinamento antes que ela comece a trabalhar, para não danificar uma peça ou até mesmo se acidentar”.

O que fazer e como?

Tudo começa quando se adquire o item, tanto uma ferramenta quanto um equipamento ou uma autopeça. Palacio explica que o empresário deve se certificar se o fornecedor orienta sobre a manutenção apropriada, conforme as especificações. “Cada produto tem uma maneira de fazer a manutenção ou limpeza adequada, o que varia muito, mas desde uma ferramenta universal até um elevador ou um scanner, tudo tem sua maneira de limpar depois do uso com um produto adequado, que deve ser determinado pelo fabricante”.

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Outro ponto importante a definir é o responsável por essa manutenção dentro da oficina, o que parte do processo de organização da empresa. “Na verdade, é bom documentar por meio de uma planilha os procedimentos de limpeza de todos os itens, com determinações como: quando fazer, como fazer e o que deve fazer. Afinal, se existe um procedimento para que uma prensa seja limpa após o uso, por exemplo, isso pode ser cobrado se existir um responsável”, alerta Palacio.

Então, se for um equipamento mecânico que deve ser limpo com produtos específicos ou com um pano, isso deve ser descriminado nessa planilha e quem deverá fazer isso. Até mesmo as caixas de ferramentas individuais. “Vale lembrar que tudo deve ser registrado, quem usa assina embaixo e depois dá baixa na hora da devolução, como num inventário, o que assegura também que as peças não serão perdidas ou desaparecidas. Com procedimentos e avisos de controle, se desaparecer ou danificar alguma peça e existir um procedimento, fica tanto mais fácil de rastrear e localizar”, avisa o coordenador.

Ou seja, ferramentas e equipamentos devem ser guardados limpos, protegidos em ambientes próprios, em quadros específicos, caixas ou painéis apropriados. Para melhor organização, até mesmo para saber qual ferramenta está faltando, o ideal seria se cada uma tivesse seu desenho no painel.

Não existe uma periodicidade determinada para a limpeza de todos itens. As ferramentas universais, por exemplo, devem sofrer manutenções sempre que forem usadas para serem guardadas limpas. Assim como as ferramentas especiais, que ainda devem também ser lubrificadas se for necessário. Um equipamento eletrônico deve ser aferido e ter rastreabilidade, de forma que possa estar sempre em dia, pronto para uso. Já os compressores de ar e elevadores têm que ter manutenção periódica conforme especificação do fabricante, assim como aferição e limpeza.

“É comum deixar a prensa hidráulica sem limpar, com sujeira de óleo ou terra, portanto depois de cada utilização, deve passar por uma limpeza. É uma ferramenta de uso múltiplo, todo mundo usa e ninguém é dono, por isso todos têm que se preocupar, inclusive com o local onde ela fica”, comenta Palacio.

Cada peça ou ferramenta tem um produto específico para utilizar na lavagem, a fim de que não seja danificada. A única questão em comum é que o produto tem que ser biodegradável e não tóxico. “Não pode agredir o meio ambiente, a peça ou mesmo o profissional que está realizando o processo. De modo algum pode ser um ingrediente inflamável, como gasolina ou querosene, que além de tudo é perigoso”.

Um componente elétrico, por sua vez, não pode molhar, na maioria das vezes usa-se ar comprimido na limpeza. Já no filtro de ar não pode passar ar comprimido, se estiver sujo, é necessário substituir a peça, assim como filtro de gasolina. “Se a peça for nova e estiver um pouco suja, apenas dê uma batidinha de leve, nunca passe ar, pois empurra a sujeira de fora pra dentro e entope os poros”, avisa Palacio.

A maneira correta de se fazer a limpeza técnica é verificar a especificação do fabricante. “Hoje existem produtos biodegradáveis que limpam tão bem quanto solventes, além disso, trazem segurança na limpeza e não agridem o meio ambiente. Se na caixa da ferramenta ou na embalagem da autopeça não está especificado como lavar, ligue no 0800 do fabricante e se informe corretamente”.

Existe também o risco de contaminação por conta de descarte do produto em locais inadequados. Esse trabalho deve ser feito por uma empresa credenciada e autorizada para o serviço por órgãos competentes. Não pode simplesmente jogar a peça no fundo da oficina e deixar lá ou jogar o óleo descartado no esgoto, ações que podem comprometer a preservação do meio ambiente. Outro tipo de contaminação é a da própria peça, ou seja, como já falamos, produtos que agridem o seu funcionamento e durabilidade.

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Agora, tudo pode ir por água abaixo se o técnico fizer uma limpeza incorreta. “Todas as peças do motor, por exemplo, são importantes e impactantes, porque cada uma tem sua finalidade no conjunto. Se uma delas não for limpa adequadamente, pode ser danificada durante a instalação, pode não assentar corretamente, se a parte de fixação não estiver limpa, pode ter problema de vazamento. E isso pode acontecer em todos os sistemas do veículo, inclusive danificando componentes do mesmo conjunto”.

O técnico também deve se preocupar sobre onde instalar a máquina ou onde lavar as peças. Não adianta comprar uma máquina de limpeza de última geração, usar o produto adequado, mas o local onde está trabalhando não é apropriado e limpo, assim teremos um trabalho sem qualidade, além de agredir o ambiente. Locais adequados evitam inclusive que ocorra acidentes com o funcionário ou seja reduzida a vida útil do equipamento.

Mas se acontecer algum acidente por falta de segurança, por falta de procedimento ou quebra da máquina de lavagem, adote um processo alternativo de término do trabalho, manual ou com outro equipamento. “Se o erro for com a peça, a responsabilidade do técnico é substituir a peça e não cobrar do cliente, pois ele não tem culpa. No futuro, tem que tomar isso como uma lição aprendida, e assim, criar os procedimentos adequados”.

Mais um destaque é tomar cuidado com a peça que vem do fornecedor. Se não foi devidamente cuidada na estocagem, se houve má utilização da embalagem ou no transporte, pode influenciar no seu serviço, assim como a data de validade expirada. “Um disco de freio, por exemplo, muitas vezes, vem protegido com óleo, e a oficina deve fazer a limpeza antes da aplicação ou não de acordo com a especificação. Também deve tomar cuidado se a peça era para vir protegida mas veio oxidada. Nesse caso, o fornecedor deve trocar a peça apesar de que você vai perder tempo e o prazo da entrega do carro fica comprometido”, avalia Palacio.

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Embora haja algum investimento nessas atividades, com certeza são menores que os problemas que podem acarretar a falta desses cuidados. “O custo é menor, pois o investimento é proporcional a quanto estivesse perdendo se não estivesse investido”, acredita Palacio. Ele continua: “a adequação de processos, cuidados com os produtos são investimentos necessários. Por exemplo, proteger o carro quando entra na oficina, com capa para o banco, é mais barato do que ter o banco manchado pelo macacão sujo do mecânico. Uma oficina organizada e de qualidade, requer esses investimentos”.

Todo o contexto acima está pautado dentro dos requisitos de auditoria para o processo de certificação do IQA, como em manuais distribuídos pelo Instituto como o VDA 19 e VDA 19.2, que tratam exatamente desse assunto. Os problemas mais comuns, de acordo com a entidade, são ausência de algumas ferramentas especiais, que evita danos nas peças, limpeza inadequada do ambiente de trabalho e falta de procedimentos.

“As empresas precisam evitar realizar a limpeza apenas ‘quando dá’, quando lembra ou quando tem gente disponível. O procedimento deve existir para facilitar e as empresas precisam se adequar, considerando essas informações. A certificação é uma ferramenta que faz com que isso realmente aconteça e que fiscaliza esses procedimentos, ajudando a empresa a realizar tudo isso na prática”, finaliza.

2 comentários em “De olho na limpeza técnica

  1. Muito importante a limpeza de todos os componentes do motor, principalmente aqueles onde tem contato com óleo lubrificante do motor, para isso tem laboratório específico em limpeza técnica para avaliar o grau de sujidade dos componentes, seguindo os requisitos das normas16232 e VDA19.
    Parabéns pela matéria.

  2. Muito importante a limpeza de todos os componentes do motor, principalmente aqueles onde tem contato com óleo lubrificante do motor, para isso tem laboratório específico em limpeza técnica para avaliar o grau de sujidade dos componentes, seguindo os requisitos das normas16232 e VDA19.

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