Superbanner - Texaco (30/08 a 24/01/24)

Entrevista: De acordo com as normas técnicas

Trabalhar seguindo as normas técnicas da ABNT é o ideal não só para garantir a qualidade do serviço e evitar retrabalhos, mas para assegurar os direitos tanto do consumidor quanto do mecânico, segundo Salvador Parisi, coordenador de serviços, reparação e manutenção da ABNT. Mas, infelizmente, poucos profissionais as utilizam

13008

O Mecânico: Em primeiro lugar é bom explicar: o que são normas técnicas?
Salvador Parisi: Normas técnicas são documentos produzidos por um órgão oficial, no nosso caso a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), que estabelecem regras em relação à fabricação de um produto ou à execução de um serviço. No setor de reparação, as normas ajudam nos processos de reparo de um veículo, evitando que se tenha desperdício de dinheiro por parte do consumidor e retrabalho por parte do profissional.

O Mecânico: Conte um pouco da história da ABNT.
Salvador: A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) é uma empresa privada, sem fins lucrativos, reconhecida como único fórum nacional de normalização, membro fundador da ISO (International Organization for Standartization) e também da (AMN) Associação Mercosul de Normalização. Seu papel é desenvolver normas técnicas de produtos e serviços de vários setores da sociedade, cada setor debaixo de um determinado comitê, com o objetivo de se utilizar de boas práticas e de orientação para fabricação de produtos ou procedimentos de serviços.

O Mecânico: Nesse contexto, onde entra o setor automotivo e de reparação?
Salvador: O setor automotivo em geral pertence ao CB-05 (Comitê Brasileiro Automotivo), que foi criado em 1970, com objetivo de elaborar e atualizar as normas técnicas para o nosso segmento e é composto por profissionais especialistas da área automotiva. Dentro deste comitê, há um subcomitê de serviços, do qual fazemos parte. O pape desse subcomitê é atender ao setor de normas técnicas para os procedimentos de reparo veicular. Foi criado em 1998 para atender a falta de processos técnicos na reparação, uma vez que nós, do setor da reparação independente, não temos manuais de serviços provenientes da montadora. Sua criação aconteceu para seguir um padrão de procedimentos visando atender o consumidor da melhor maneira possível, com um serviço de qualidade e padrão. O superintendente do CB-05 é o Ali El Hage, do Sindipeças, e além de mim, outros profissionais fazem parte da diretoria.

O Mecânico: Qual o objetivo da normalização no setor de serviços automotivos?
Salvador: O objetivo é proporcionar os meios necessários para troca adequada de informações entre consumidores e fornecedores, com vista em assegurar a confiança e o entendimento comum nas relações comerciais. Além de ajudar também na proteção ao consumidor, ou seja, definir os requisitos que permitam aferir a qualidade do serviço, conforme as leis de consumidor. A segurança que estabelece os requisitos técnicos destinados a assegurar a proteção da vida humana, da saúde e do meio ambiente. E finalmente, para contribuir com a economia, pois diminuiu o custo de serviços mediante a sistematização, racionalização e ordenação dos processos das atividades, com economia para o prestador de serviços e para os clientes.

O Mecânico: Quais são os benefícios da normalização para o mecânico e para o cliente?
Salvador: São vários: contribuir com a organização do mercado de reparação, constituir de uma linguagem única entre prestador de serviços e consumidor, melhorar a qualidade e produtividade do serviço e também orientar as concorrências públicas (prestação de serviços para frotas), pois pode-se exigir uma oficina que trabalhe dentro da normalização.

O Mecânico: Quem estuda e elabora esses projetos que se tornam normas?
Salvador: São os grupos de trabalhos formados pelo comitê CB-05, com a participação do público especialista. Num primeiro momento, é preciso ter a demanda do tema; o setor tem que entender que existe a carência de uma norma orientando o procedimento em questão. A partir daí, é formado um grupo de trabalho com profissionais da área, técnicos, entidades, fabricantes, mecânicos etc, que debatem tecnicamente o tema solicitado. Tendo o projeto pronto, ele é encaminhado, através da ABNT, para consulta nacional ficando no site da ABNT para votação. Lá são apontadas sugestões e concordâncias e, após um período, esse projeto com aprovação total é encaminhado para publicação e se torna uma NBR (Norma Técnica Brasileira). Após esse trabalho, a norma é disponibilizada pela ABNT através de comercialização. Porém, no caso das normas de serviços, a ABNT fez convênio com o SEBRAE no qual fornece um exemplar de cada tema gratuitamente. Para isso, entre no site do Sindirepa: www.sindirepa-sp.org.br.

O Mecânico: Como a norma pode auxiliar o empresário a melhorar o trabalho do dia a dia na oficina?
Salvador: Melhora, pois faz um trabalho de orientação. Por exemplo, indica como uma bomba de combustível deve ser testada, analisada e aplicada. O passo a passo do teste está descrito em uma determinada Norma Técnica.

O Mecânico: Como o mecânico sabe quais as normas ele tem que adquirir e como isso é feito?
Salvador: Consultando no site do Sindirepa-SP, é possível encontrar a relação das normas com nome e título e, então, o mecânico faz o download gratuito do que precisa. Não é necessário que o mecânico tenha todas as normas, apenas as que são relacionadas com sua atividade de trabalho.

O Mecânico: Como entender a norma técnica?
Salvador: As normas possuem uma linguagem técnica, mas que é acessível para o mecânico, que precisa ter conhecimento técnico e saber que existe um procedimento para poder aplicá-lo.

O Mecânico: Como os profissionais da reparação aplicam a norma técnica no dia a dia?
Salvador: Diante da necessidade para execução do serviço que exija tal prática. Se para determinado teste de um componente existe uma norma específica, então nesse momento ele procura a norma para usá-la. Se não existe, ele tem que buscar outra fonte de informação, que o ajude naquele momento, como o próprio manual do proprietário e as matérias da Revista.

O Mecânico: Como o mecânico manuseia a norma técnica? Ele fica com os papeis ao seu lado lendo o que está sendo explicado, por exemplo?
Salvador: Toda empresa tem que ter um espaço para literatura técnica, onde ficam guardados os impressos, de maneira que possa consultar quando for necessário, num lugar limpo e organizado, com a certeza de que vai devolver a ferramenta no mesmo lugar para outro colega usar quando precisar. Por isso, ele tem que conhecer as normas de uma maneira geral, é claro que ele não precisa saber de cor ou decorar o documento. Ele tem que saber da sua existência e saber onde está para usar nos seus serviços. É importante que ele esteja sintonizado com o setor através da mídia e bem informado. Neste momento, por exemplo, estamos num período de revisão de normas, ou seja, vem coisa nova por aí ou uma atualização. É compromisso do profissional conhecer o setor no qual trabalha.

O Mecânico: Qual o peso da utilização de uma norma técnica num caso de certificação da oficina?
Salvador: Se a oficina está buscado uma certificação do IQA-Inmetro, por exemplo, é obrigatório que utilize os procedimentos da norma técnica. Todas as empresas têm que executar seus serviços de acordo com as NBRs existentes na sua área para manter uma certificação.

O Mecânico: O que obriga o uso da norma é o código de defesa do consumidor?
Salvador: Também, pois está descrito a necessidade da sua utilização. A falta de uso das normas, desde que existam, é considerada como prática abusiva para o consumidor. Acaba sendo um instrumento jurídico legal, que embasa o procedimento e assegura o empresário/consumidor da qualidade do serviço que foi prestado. Como segue: Na Seção IV- Das Práticas Abusivas, Artigo 39 item VIII, está determinado que: colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – Conmetro.

O Mecânico: É necessário mostrar para o cliente e até mesmo divulgar que sua oficina se utiliza das normas técnicas NBR?
Salvador: Sim, é um forte argumento de venda do serviço, em que se pode demonstrar para o cliente que está oferecendo um serviço com qualidade e segurança, pois o procedimento que está adotando está preconizado e embasado numa norma técnica NBR.

O Mecânico: Neste momento, o subcomitê está discutindo a atualização de 17 normas das 23 normas existentes. O mecânico pode participar desse processo?
Salvador: Sim, estamos atualizando as normas e, ao término desses estudos, haverá uma nova versão das normas existentes. Não tem um prazo determinado para finalizar o projeto de atualização. É importante que o setor esteja comprometido com esse projeto e participe das reuniões de grupo de trabalho, que acontecem todas as terceiras terças-feiras de cada mês, na sede do Sindirepa-SP, das 8h30 as 12h. Todos os mecânicos estão convidados a participar a ajudar nesse trabalho.

2 comentários em “Entrevista: De acordo com as normas técnicas

  1. como posso adquirir manual NBR sou mecânico.Aqui no RIO DE JANEIRO corri atrás dessas infomaçoes , não me deram muita atenção e informação precurei essas instituições aqui no meu estado.SEBRAE,sindicato mertalugicos,SINDIREPA

Envie um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

css.php