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Entrevista: Conhecimento, habilidade e atitude

Diretor do SENAI-Ipiranga, uma escola referência em automobilística no País, Fabio Rocha acredita que “ser esperto é ser honesto”, por isso aconselha os mecânicos a trabalhar com postura e conhecimento técnico para ter sucesso e confiabilidade no seu negócio

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Revista O Mecânico: Quando assumiu a direção da Escola SENAI-Ipiranga?
Fabio Rocha: Quando ingressei na instituição em 1994 depois de ser, instrutor orientador ainda na cidade de Bauru, logo após vim como coordenador técnico em 2006, assumindo a direção da Escola em 11 de fevereiro de 2008.

O Mecânico: Qual a sua formação?
Fabio: Estudei no SENAI no curso de Aprendizagem Industrial – Mecânico de Automóvel, fiz curso técnico na UNESP, faculdade de pedagogia e posteriormente uma pós-graduação em engenharia de produção na UNESP. No momento estou cursando MBA em gestão do processo educativo.

O Mecânico: Quais eram suas metas na ocasião?
Fabio: Eu diria desafios. Olhar para frente, respeitar o trabalho que estava sendo feito e dar continuidade às ações voltadas para o setor, utilizando o que a escola já tinha de bom, pois trata-se de uma Escola tradicional que está em funcionamento desde 1968. É um desafio de todos, da própria FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), do Departamento Regional São Paulo, que buscam sempre promover ações de melhoria que impactam na qualidade do ensino e na formação plena do profissional da área. O Departamento Regional do SENAI de São Paulo investiu de forma representativa nesta Unidade. Até o momento, somente nesta unidade, o investimento foi U$ 5 milhões em recursos tecnológicos. Além disso, o SENAI-SP vem investindo desde 2008 em suas 27 escolas que atuam na área automotiva, totalizando aproximadamente 25 milhões.

O Mecânico: E o que foi efetivamente realizado na escola do Ipiranga?
Fabio: Reestruturamos o organograma, investimos “pesado” em capacitação e treinamento em todos os setores, especialmente para os docentes. Fizemos um trabalho de conscientização das pessoas voltado para a qualidade do ensino, melhoramos a forma de relacionamento com as empresas conveniadas. Em conjunto com as empresas do setor automotivo e alinhado com as diretrizes do SENAI-SP, estruturamos os cursos em todo o estado de São Paulo, baseados num itinerário que atenda de forma mais eficaz a formação dos alunos. Além disso, investimos na modernização dos ambientes, como salas de aula, laboratórios, oficina e setores administrativos, ou seja, deixando-os com o aspecto visual mais agradável, melhorando a qualidade das aulas práticas e teóricas, não esquecendo dos aspectos ambientais como redução de consumo de energia e água.

O Mecânico: em sua opinião, a escola do Ipiranga é referência na área automobilística?
Fabio: Creio que é a que oferece um maior número de oferta para o setor com aproximadamente 20 mil matriculas por ano. Agora, quem determina se é ou não referência são os alunos. Nós buscamos ser essa referência, mas dependemos de um conjunto de ações entre o SENAI e as empresas que acreditam nesse projeto.
Ficamos muito felizes quando recebemos visitas do mundo inteiro interessadas em conhecer nossa metodologia de ensino e nossa estrutura de gestão educacional. Procuramos ser referência em criar um conceito na formação profissional focando nos aspectos técnicos e comportamentais. “A nossa maior tecnologia está nas pessoas que fazem parte desta comunidade”.

O Mecânico: Quais cursos oferece e quem pode fazer?
Fabio: A Escola atende a duas grandes áreas tecnológicas: automotiva e eletroeletrônica. Para as duas áreas os cursos são de Aprendizagem Industrial, para menores a partir de 14 anos até 18 anos e que possuam o ensino fundamental. O Curso Técnico é destinado para jovens que possuam o ensino médio. Para os dois casos os cursos são de 2 anos (4 semestres) e são gratuitos. O SENAI também realiza cursos de curta duração, denominados Cursos de Formação Continuada, os cursos são pagos, possuem a média de 160 horas, sendo cursos de iniciação e qualificação, para iniciantes, como também cursos mais avançados de aperfeiçoamento e especialização destinados aos profissionais aos atuantes ou alunos que participaram dos cursos de qualificação.

O Mecânico: O quadro de funcionários da escola conta com quantos professores?
Fabio: Temos 58 professores funcionários do SENAI e 120 terceirizados, que recebem treinamento e capacitação ora nas montadoras ora aqui mesmo em nossa unidade.

O Mecânico: O que a escola oferece, além de cursos e treinamento?
Fabio: Prestamos serviços laboratoriais de ensaios em lubrificantes e combustíveis. Realizamos assessoria técnica e tecnológica para empresas, disponibilizamos informações e pesquisas por meio de consultas na biblioteca. São soluções propostas para atender problemas das pequenas e micro empresas que não têm estrutura própria e podem, assim, buscar o apoio do SENAI.

O Mecânico: Como deve ser a formação de um bom mecânico?
Fabio: Primeiramente, o profissional tem que ser apaixonado pelo que faz. Tudo começa com uma boa formação no ensino básico e fundamental. Depois, o mecânico deve procurar uma formação para adquirir as competências necessárias à sua profissão e o mais importante, continuar estudando sempre. Hoje é fato: o profissional não deve parar de estudar, ainda mais nessa área que evolui tanto de um dia para outro. Quanto mais capacitado melhor, assim, ele obtém mais confiança para desenvolver suas atividades adquirindo com o tempo a experiência necessária. Nosso trabalho é baseado em três conceitos: Conhecimento, Habilidade e Atitude, CHA, como chamamos. Esses três pilares são de extrema importância para um profissional. Hoje em dia, muitas demissões são decorrentes de comportamento. O mercado acredita no profissional pró-ativo, que busca o conhecimento e procura sempre se atualizar para se manter competitivo.

O Mecânico: O que falta para os profissionais do segmento atualmente?
Fabio: É notória a preocupação dos profissionais na busca do conhecimento e do seu aperfeiçoamento. Acreditamos que o profissional está percebendo essa necessidade de se valorizar a cada dia.

O Mecânico: Qual a meta do SENAI Ipiranga?
Fabio: Continuar avançando nos investimentos para otimizar os postos de trabalho e ter mais alunos na escola. Construir uma relação de confiança ainda maior com a indústria da reparação, com o mecânico e a comunidade. Almejamos ouvir as necessidades dos mecânicos e trazê-los para a escola criando novos cursos, sempre alinhados às necessidades do mercado. Nosso grande foco nesse momento é a implantação nesta unidade do curso superior em mecânica, voltado para a área de pós venda. Um curso inédito no Brasil. Além disso, vamos continuar investindo em capacitação dos nossos professores, inclusive com viagens ao exterior para atualização e conhecimento de novas culturas.

O Mecânico: Afinal, o que é o SENAI e quais os seus objetivos em relação à indústria e a comunidade?
Fabio: O SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) é uma instituição privada mantida e administrada pela indústria. Tem abrangência nacional, mas cada estado tem seu departamento regional, com autonomia para decidir, contanto que siga as diretrizes comuns. Com 68 anos de atividades, a missão do SENAI é “promover a educação profissional e tecnológica, a inovação e a transferência de tecnologias industriais contribuindo para elevar a competitividade da indústria brasileira”, ou seja, preparar profissionais alinhados para as demandas do mercado.

O Mecânico: A escola promove programas sociais voltados para a comunidade?
Fabio: Além dos cursos técnicos regulares, que são gratuitos, o departamento regional de São Paulo, por meio de reuniões com os setores, promove a concessão de bolsas de estudos e convênios com entidades e prefeituras.

O Mecânico: Quantos alunos do SENAI são absorvidos no mercado automotivo?
Fabio: Temos um programa chamado SAPES (Satisfação de Alunos Egressos do SENAI) que atualmente acompanha a situação dos alunos que participam de cursos regulares o índice atual no Curso de Aprendizagem é de 92% de empregados, enquanto que os outros 8% continuam estudando. Quem estuda no SENAI possui uma grande oportunidade de ingressar no mercado de trabalho. Já no Curso Técnico, cerca de 60% permanece como mecânico e de 15% a 20% vão trabalhar com sinistros ou inspeção. Durante os cursos, os alunos participam de estágio em concessionárias e oficinas.

O Mecânico: Qual é o seu conselho para O Mecânico?
Fabio: De mecânico para mecânico, meu conselho é se valorizar profissionalmente e pessoalmente a cada dia, com muita humildade para aprender e ensinar. Tem que cuidar da sua imagem profissional e pessoal e procurar estar sempre atento as mudanças tecnológicas. Afinal nesta vida, se você quer ter sucesso, você deve colaborar com o destino e fazer muito bem a sua parte.

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