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Entrevista: Aplicação correta do pneu é essencial

Conversamos com o Diretor Superintendente da Continental Pneus, Renato Sarzano, que contou a história da marca no Brasil e falou da importância de utilizar pneus corretos no veículo do seu cliente, além de fazer o descarte apropriado dos pneus desgastados

 

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Revista O Mecânico: A Continental Pneus é uma das maiores fabricantes de pneus do mundo, produzindo uma extensa gama de pneus para todos os tipos de veículos, qual é a história da marca no Brasil?
Renato Sarzano: A Continental Pneus chegou ao Brasil em 1997, como parceira da Mercedes-Benz, que iniciava a produção do Classe A, em Juiz de Fora/MG. Viemos para montar uma pequena fábrica de pneus em Ponta Grossa/PR, importando os componentes para apenas montar o pneu aqui. Além disso, instalamos uma pequena unidade dentro da fábrica da Mercedes, onde eram aplicados os produtos. Mas naquela época, a economia do Brasil era bastante fragilizada, e a fábrica não iniciou as operações. Foi um tempo difícil, por isso, abrimos o leque na importação de produtos para atender o mercado de veículos leves e pesados na reposição. Começamos a desenvolver uma rede de revendedores e em 2002 focamos nossa importação no segmento no qual somos experts, ou seja, em pneus para carros de alta performance e para caminhões mais modernos, assim equilibramos as nossas contas. Começamos a planejar a fábrica de Camaçari, na Bahia, que foi inaugurada em 2005, com a produção de pneus “premiums” e para veículos comerciais. Hoje, na nossa planta em Ponta Grossa funciona a fábrica de correias da ContiTech.

 

O Mecânico: Qual a capacidade produtiva da fábrica de Camaçari e que tipo de pneus é fabricado lá? Existe a intenção e demanda para construir uma outra planta para atender nosso mercado?
Renato: Hoje a fábrica tem a capacidade de produzir 5 milhões de pneus por ano, sendo 4,5 milhões para veículos de passeio e 500 mil para veículos comerciais. São produtos para todos os tipos de veículos, desde aro 13 até 18, mais sofisticados, das seguintes marcas: Continental, General Tire, Barum e Euzkadi. E estamos introduzindo uma nova marca em breve. Desse total, 20% é destinado ao mercado original e 80% para a reposição e exportação. O Grupo Continental é muito grande no Brasil, e só a divisão de pneus tem mais de 1.200 funcionários na fábrica e 100 na sede administrativa em Jundiaí/SP. Não temos intenção de construir uma nova fábrica, já que a planta de Camaçari está em processo de expansão, porque já foi planejada pensando em crescimento no mesmo site.

 

O Mecânico: Os pneus comercializados no Brasil são desenvolvidos especialmente para os modelos de veículos fabricados aqui?
Renato: Sim, dentro da Continental temos uma equipe de engenharia de pesquisa e desenvolvimento que define os padrões de pneus para cada mercado, pois cada país tem consumidores com exigências diferentes e no Brasil acontece esse mesmo processo. Em Hannover, na Alemanha temos um mapa mundi onde os engenheiros trabalham nessa atividade baseados em dados e visitas aos vários mercados mundiais. Isso acontece porque os mercados são diferentes, na Alemanha, por exemplo, o consumidor está preocupado em ter um pneu leve e com bom desempenho em piso molhado (foco em segurança e consumo de combustível), e a preocupação com a quilometragem não é tão alta. Nos EUA, eles procuram por durabilidade, no Japão eles querem pneus com baixo nível de ruído e assim por diante. Isso demanda muita pesquisa e milhões de Euros de investimento, tudo para entregar exatamente o que cada cliente deseja.

 

O Mecânico: A Continental fornece pneus diretamente para as montadoras, o que exige muita pesquisa e tecnologia. O desenvolvimento desses produtos é feito em conjunto com a montadora durante a elaboração do projeto do veículo?
Renato: Sim, isso acontece de duas maneiras. Algumas montadoras fazem as suas exigências e colocam as suas especificações, nós então desenvolvemos o pneu e mandamos para o Cliente amostras para homologação. Mas também participamos do desenvolvimento de forma mais intensa, desde o início do projeto, onde eles nos passam que comportamentos e características desejam naquele modelo, por exemplo, se querem privilegiar o baixo consumo ou a performance, e nós colocamos em prática nossa tecnologia no projeto do pneu, de forma a atender a solicitação da engenharia ou marketing do nosso cliente;

 

O Mecânico: O pneu influencia no desempenho do carro de qual maneira?
Renato: De várias maneiras. Em primeiro lugar na dirigibilidade, quando você pode ter respostas melhores ou piores do volante, dependendo da estrutura do pneu. Também influencia no consumo, temos dados que confirmam uma diferença de até 5% no consumo do combustível por conta dos pneus. O ruído interno do carro pode ser eliminado com o uso de um pneu de banda diferente, por exemplo. É por isso que o cliente de reposição que escolhe o pneu pensando somente no preço mais baixo, não sabe o quanto pode estar prejudicando o seu veículo. O pneu tem que ser escolhido pela aplicação para o qual será exigido.

 

O Mecânico: A Continental conta com uma rede de oficinas especializadas nos pneus da sua marca, como acontece com outras fabricantes?
Renato: Temos uma rede de distribuição que vem crescendo ao longo dos anos. Hoje temos mais de 500 pontos de vendas e mais de 250 Clientes ativos. Temos uma modalidade de venda dentro das concessionárias, sendo esse um dos nossos principais canais de distribuição. E oferecemos treinamento para os vendedores dessas concessionárias, para que entendam e saibam vender pneus corretamente. Saber vender o pneu é essencial, pois dependendo do perfil, o cliente não economiza no pneu, afinal a segurança está em jogo. Os revendedores entendem logo a mensagem e a passam para seus clientes.Revendedores tradicionais de pneus, hoje em dia realizam praticamente todos os serviços undercar como freios, suspensão, direção etc.

 

O Mecânico: A marca recomenda a reconstrução de um pneu, como é praticado em muitos lugares por aí. O que o mecânico tem que saber em relação a esse processo? Serve tanto para veículo leve ou pesado?
Renato: Os pneus recauchutados são muito comuns em caminhões e nós recomendamos, afinal, o pneu já é fabricado para ser recapado um dia. Já nos veículos leves, a recauchutagem é um perigo, pois ele não foi projetado para isso e coloca em risco a segurança dos ocupantes do veículo, principalmente na eficiência de frenagem, e dirigibilidade em piso molhado principalmente.

 

O Mecânico: Para convencer o cliente de que um pneu para veículo leve não pode ser recauchutado, quais os argumentos que o mecânico pode usar?
Renato: O mecânico deve apontar dados técnicos e testes, que mostram que o pneu recauchatado perde suas características de performance. Além disso, um pneu recauchutado em veículo leve geralmente não tem garantia, possui baixa expectativa de quilometragem, é difícil balancear, produz mais ruído e aumenta a distância de frenagem, o que coloca em risco a segurança dos ocupantes do carro.

 

O Mecânico: Em sua opinião, do que mais o reparador necessita saber sobre aplicação de pneus para efetuar um bom serviço?
Renato: É essencial saber a origem do pneu. Hoje o mercado está inundado de marcas desconhecidas, só chinesas são mais de 100. Existem fabricantes que não se preocupam com qualidade do produto e constroem pneus usando borracha velha, reprocessada. Existiu uma onda de pneus chineses para caminhões há quatro anos, mas que não vingou, pois trouxe problemas inúmeros aos frotistas. Outra dica importante é ficar atento à aplicação, ao tipo de uso e ao perfil do cliente. Além disso, as boas marcas dão garantia e suporte técnico para seus clientes.

 

O Mecânico: O que tem de mais alta tecnologia em construção de pneus? Qual a tendência de mercado nesse sentido?
Renato: O trabalho das grandes marcas é reduzir o conflito natural de características dos pneus, dados pela limitação física dos materias utilizados; Todos buscam encontrar a fórmula para que um pneu tenha uma boa rolagem e ainda uma frenagem eficiente, ou seja, baixa resistência ao rolamento, sem perda de energia, mantendo a segurança do veículo. Isso faz com que o pneu ajude na redução de consumo de combustível e ainda consiga parar numa distância adequada. Outras tecnologias são aplicadas conforme a necessidade da montadora, os pneus Run Flat são exemplos disso.

 

O Mecânico: A Continental é uma empresa que se preocupa com questões de meio-ambiente, então, qual a dica que vocês podem passar para o mecânico em relação ao armazenamento e ao descarte correto de compostos usados?
Renato: Essa questão é realmente muito importante e as grande fabricantes já encontraram a solução para eliminar a poluição do pneu durante a fabricação, removendo da composição os ingredientes danosos. Para o mercado, a legislação brasileira exige que as empresas fabricantes ou importadoras comprovem a reciclagem dos pneus usados para fabricar ou importar novos produtos. Além disso, os revendedores devem levar os pneus descartados a um ponto de coleta na sua cidade. Então uma empresa especializada os recolhe e faz a destinação correta, de acordo com as normas do IBAMA. O que o mecânico deve fazer é conscientizar o seu cliente a deixar o pneu na oficina e não levar para casa. Isso é importante inclusive para prevenir doenças como a dengue.

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